Mitra é uma filmmaker iraniana que vive exilada de seu país e embarca no projeto de seus sonhos: fazer um filme sobre a lendária cantora egípcia Oum Kulthum. A produção explora os desafios, os sacrifícios e o preço que Oum Kulthum pagou por ter obtido sucesso em uma sociedade dominada por homens. Em seu esforço de capturar a essência da personagem como mito, mulher e artista, Mitra vai enfrentar seus próprios problemas, que se misturam com os da cantora, levando-a a um colapso emocional e artístico.
O longa (Looking for Oum Kulthum) é dirigido por Shirin Neshat, iraniana que atualmente vive em Nova York. Shirin tem muitos trabalhos com fotografia, além de filmes, que abordam temas político-sociais do mundo oriental-árabe trazendo um olhar mais humano e poético. Foi premiada em alguns festivais de cinema internacionais.
Fica claro que há um pouco de Shirin na história, como a personagem Mitra também é uma produtora, diretora de filmes, iraniana, que enfrenta desafios para se afirmar em um meio machista.
"Minha jornada para este projeto começou com a pesquisa e a coleção de imagens e literatura escritas sobre Oum Kulthum e a história egípcia.Finalmente, decidi não fazer um filme biográfico, mas contar uma história pessoal, compartilhando minhas próprias perspectivas e desafios como uma diretora iraniana tentando fazer um filme sobre uma cantora egípcia icônica.O roteiro atual, portanto, reflete de perto minhas próprias obsessões, desafios e a inesperada autodescoberta ao olhar para o destino de uma icônica artista do Oriente Médio, estou olhando para minha própria experiência e a de outras mulheres do Oriente Médio que escolhem buscarum talento ou uma carreira profissional.No centro deste filme, através da exploração simultânea de três personagens femininas principais, Oum Kulthum, Mitra (a cineasta iraniana) e Ghada (a atriz egípcia, que faz o papel de Oum Kulthum), a narrativa revela como na maioria dos países do Oriente Médioas mulheres, que vivem em sociedades dominadas pelos homens, enfrentam situações semelhantes", diz ela em uma nota no site oficial do filme.
Confira o trailer:
Procurando por Oum Kulthum será exibido dentro do Festival Shimmie, em São Paulo, no dia 27 de setembro, sexta-feira, no Teatro Eva Wilma. Para mais informações acesse o site https://www.festivalshimmie.com.br/.
O livro "Orientalismo", de Edward W. Said, trata de como se construiu a ideia e os conceitos sobre o mundo árabe. O livro, que no Brasil foi publicado pela Companhia das Letras, é dividido em três partes. Na primeira o autor trata do alcance do orientalismo, na segunda das suas estruturas e na terceira sobre o orientalismo na atualidade. Apesar de ter sido publicado na década de 1970, é uma obra fundamental para compreendermos como o Ocidente inventou o Oriente. Foi o Orientalismo que construiu os consensos que legitimam as atrocidades americanas no Oriente Médio. Israel serve-se do mesmo para submeter de maneira brutal os palestinos dentro e fora de seu território. No prefácio da obra escrito em 2003, Said afirma que “as sociedades contemporâneas de árabes e muçulmanos sofreram um ataque tão maciço, tão calculadamente agressivo em razão de seu atraso, de sua falta de democracia e de sua supressão dos direitos das mulheres que simplesmente esquecemos que noções como modernidade, iluminismo e democracia não são, de modo algum, conceitos simples e consensuais que se encontram ou não, como ovos de Páscoa, na sala de casa.” A observação faz sentido, pois até bem pouco tempo muitos países considerados ocidentais ou viviam sob ditaduras (Argentina, Chile, Brasil) ou apoiavam regimes autoritários em nome da democracia (EUA). Na introdução da obra, o autor esclarece que “o Oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores, mais ricas e mais antigas colônias européias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural e uma das suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disto, o Oriente ajudou a definir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem ideia, personalidade, experiência contrastantes. Mas nada nesse Oriente é meramente imaginativo. O Oriente é uma parte integrante da civilização e da cultura material européia. O Orientalismo expressa e representa essa parte em termos culturais e mesmo ideológicos, num modo de discurso baseado em instituições, vocabulário, erudição, imagens, doutrinas, burocracias e estilos coloniais.” Ao longo da obra, Said demonstrará como este "Outro" foi material e intelectualmente importante para consolidar o Ocidente. Também demonstrará que nunca houve uma contrapartida. Enquanto os europeus (e depois os americanos) alimentavam o orientalismo, no Oriente não houve um processo intelectual similar. Não há um ocidentalismo produzido por intelectuais árabes. A prova desta assimetria é evidente, pois “…tem se estimado, que foram escritos cerca de 60 mil livros sobre o Oriente. Próximo entre 1800 e 1950; não há um número nem de longe comparável de livros orientais sobre o Ocidente. Como aparato cultural, o Orientalismo é agressão, atividade, julgamento, persistência e conhecimento.” Para Said a “relação entre Ocidente e o Oriente é uma relação de poder, de dominação, de graus variáveis de uma hegemonia complexa.” O orientalismo, não foi, portanto, apenas o resultado de ocupações militares. Foi principalmente um investimento continuado que criou “um sistema de conhecimento sobre o Oriente, uma rede aceita para filtrar o Oriente na consciência ocidental, assim como o mesmo investimento multiplicou – na verdade, tornou verdadeiramente produtivas – as afirmações que transitam do Orientalismo para a cultura em geral.” Muitos escritores europeus se dedicaram ao orientalismo ou por ele foram influenciados. Nem todos tinham consciência do verdadeiro valor político e ideológico de sua produção para a hegemonia do Ocidente no Oriente. De qualquer maneira ocorreu “um intercâmbio dinâmico entre autores individuais e os grandes interesses políticos modelados pelos três grandes impérios – o britânico, o francês e o americano – em cujo território intelectual e imaginativo a escrita foi produzida.” O orientalismo se encarregou de representar o Oriente, de definir seus contornos, características e vocações. Tudo isto foi feito á margem dos interesses do habitantes do Oriente. Não foram os orientais mas os ocidentais que criaram e alimentaram – e ainda alimentam – o orientalismo. Mas não é o que está oculto nos textos orientalistas que chamaram a atenção de Said. Sua análise tem como objeto o que está na superfície dos textos. É na sua exterioridade em relação ao que descreve que Said descobre todo um universo de percepções distorcidas. O produto desta exterioridade é a representação “desde um marco tão remoto como a peça de Ésquilo, Os Persas, o Oriente é transformado, passando de uma alteridade muito distante e freqüentemente ameaçadora para figuras que são relativamente familiares (no caso de Ésquilo, mulheres asiáticas aflitas).” Segundo Said a peça “obscurece o fato de que o público está assistindo uma encenação altamente artificial de algo que um não oriental transformou num símbolo de todo o Oriente.” O mesmo seria feito de maneiras parecidas pelos autores medievais, iluministas e modernos. Já na década de 1970, Said percebeu que um “aspecto do mundo eletrônico pós-moderno é que houve um reforço dos estereótipos pelos quais o Oriente é visto. A televisão, os filmes e todos os recursos da mídia têm forçado as informações a se ajustar em moldes cada vez mais padronizados. No que diz respeito ao Oriente, a padronização e os estereótipos culturais intensificam o domínio da demonologia imaginativa e acadêmica do ‘misterioso Oriente’ do século XIX.” Ao tratar do alcance do orientalismo, Said faz referência a dois políticos ingleses: Balfour e Cromer. No princípio do século XX, o britânico Arthur James Balfour proferiu um discurso na Câmara dos Comuns sobre os problemas no Egito. Após analisar o mesmo detalhadamente, Said percebeu que o discurso pode ser decomposto da seguinte maneira: “A Inglaterra conhece o Egito; o Egito é o que a Inglaterra conhece; a Inglaterra sabe que o Egito não pode ter autogoverno; a Inglaterra confirma esse conhecimento ocupando o Egito; para os egípcios, o Egito é o que a Inglaterra ocupou e agora governa; a ocupação estrangeira torna-se, portanto, ‘a própria base’ da civilização egípcia contemporânea; o Egito requer, até insistentemente, a ocupação britânica.” No discurso de Balfour o Egito não um país. É uma categoria britânica. Os egípcios não são seres humanos, mas coisas que preenchem um espaço geográfico ocupado pelo exército colonial da Inglaterra. Ao contrário de Balfour, Cromer foi governador colonial dos egípcios. Mesmo assim nunca fez quaisquer “esforços para esconder que, a seus olhos, os orientais eram apenas o material humano que ele governava nas colônias britânicas”. Para Cromer o oriental “age, fala e pensa de um modo exatamente oposto ao do europeu.” O autor de ORIENTALISMO detectou na linguagem de Balfour e Cromer que “o oriental é descrito como algo que se julga (como um tribunal), algo que se estuda e descreve (como num currículo), algo que se disciplina (como numa escola ou prisão), algo que se ilustra (como num manual de zoologia). O ponto é que em cada um desses casos o oriental é contido e representado por estruturas dominadoras.” A análise de discursos políticos pode dar a impressão que o orientalismo foi produto do colonialismo do século XIX. Não foi. Muito antes do colonialismo europeu, os ocidentais já haviam criado e se apropriado ideologicamente do Oriente. Mas Said reconhece que durante a expansão européia (1815/1914) houve um progresso imenso das instituições e do conteúdo orientalista. “O Orientalismo foi submetido ao imperialismo, ao positivismo, ao utopismo, ao estoicismo, ao darwinismo, ao racismo, ao freudianismo, ao marxismo, ao spenglerismo. Mas o Orientalismo, como muitas da ciências naturais e sociais, tem paradigmas de pesquisa, suas próprias sociedades eruditas, seu próprio establishiment.” Como representação do Outro, o orientalismo tratou de criar uma imagem do islã. Esta imagem foi construída principalmente em razão do medo, porque depois da “morte de Maomé em 632, a hegemonia militar e mais tarde cultural e religiosa do islã cresceu enormemente. Primeiro, a Pérsia, a Síria e o Egito, depois a Turquia e mais tarde a África do Norte caíram nas mãos dos exércitos muçulmanos; nos séculos VIII e IX, a Espanha, a Sicília e partes da França foram conquistadas.” Mesmo após a reconquista de vastas áreas ao islã, os europeus preservaram a imagem negativa do islã e dos orientais. Em razão disto, não só “o Orientalismo é acomodado às exigências do cristianismo ocidental; é também circunscrito por uma série de atitudes e julgamentos que não enviam a mente ocidental em primeiro lugar às fontes orientais para correção e verificação, mas antes a outras obras orientalistas. O palco do orientalista, como venho chamando, torna-se um sistema moral e epistemológico.” Após fazer uma longa referência a campanha napoleônica no Egito, Said esclarece que enquanto “os historiadores da Renascença julgavam o Oriente inflexivelmente como um inimigo, os do século XVIII confrontavam as peculiaridades do Oriente com algum distanciamento e com uma tentativa de lidar diretamente com a fonte oriental da matéria, talvez porque essa técnica ajudasse o europeu a conhecer melhor.” A conhecer e a dominar, pois foi o erudito Silvestre Sacy “quem traduziu a proclamação aos argelinos” quando os franceses ocuparam Argel em 1830. Sacy foi o primeiro grande orientalista. “Seu heroísmo como erudito foi ter enfrentado com sucesso dificuldades insuperáveis; adquiriu os meios de apresentar um campo de estudo a seus estudantes, quando não havia campo nenhum. Ele fez os livros, os preceitos, os exemplos, dizia sobre Sacy o duque Broglie.” Renan continuou a obra de Sacy. Mas ao contrário dele, Renan “não falava realmente como um homem a todos os homens, mas antes como uma voz especializada e reflexiva que aceitava, como ele disse no prefácio de 1890, a desigualdade das raças e a dominação necessária por uma minoria como uma lei antidemocrática da natureza e da sociedade.” Em Renan, a superioridade européia e a inferioridade oriental são axiomas indiscutíveis. Do alto de seu pedestal, Renan não tinha escrúpulos em julgar os semitas (árabes e judeus) degenerados. “Leia-se quase toda página de Renan sobre o árabe, o hebraico, o aramaico ou o proto-semítico, e o que se lê é um fato de poder, pelo qual a autoridade do filólogo orientalista colhe à vontade na biblioteca exemplos do discurso humano e ali os enfileira rodeados por uma suave prosa européia que aponta os defeitos, as virtudes, os barbarismos e as deficiências na linguagem, no povo e na civilização.” Não há dúvidas de que o orientalismo de Renan ajudou a criar e reforçar o mito da superioridade européia. O próprio Said afirma que “não é exagerado dizer que o laboratório filológico de Renan é o local real de seu etnocentrismo europeu; mas o que precisa ser enfatizado é que o laboratório filológico não existe fora do discurso, a escrita pela qual é constantemente produzido e experimentado.” Nem Karl Marx teria conseguido escapar dos preconceitos orientalistas. Ao analisar a ocupação inglesa da Índia, o alemão afirmou que “não devemos esquecer que essas comunidades de vida idílica, por mais inofensivas que possam parecer, sempre foram o fundamento sólido do despotismo oriental.” A referência ao “despotismo oriental” é sugestiva. Para Said as “análises econômicas de Marx são perfeitamente adequadas a um empreendimento orientalista padrão, ainda que a humanidade de Marx, a sua simpatia pela miséria do povo, esteja claramente envolvida.” Vários escritores orientalistas residiram no Oriente. Este foi o caso de Lane, Flaubert, Vigny, Nerval, Kinglake, Disraeli, Burton, Byron, Scott, Chateaubriand e T.E. Lawrence. Mesmo tendo conhecido as terras orientais e mantido contato com os povos árabes, nenhum destes autores deixou de criar representações do Oriente. A leitura do livro nos ajuda compreender como as relações entre o Ocidente e o Oriente foram lentamente moldadas de maneira a permitir uma verdadeira colonização cultural e territorial do Oriente Médio. Para o autor “a versão do mito criada no século XX tem sido mantida com muito maior dano. Produziu uma imagem do árabe visto por uma sociedade ‘adiantada’ quase ocidental. Na sua resistência aos colonialistas estrangeiros, o palestino era ou um selvagem estúpido ou uma grandeza negligível, moral e existencialmente.” A cada episódio dramático do conflito entre israelenses e palestinos, a inferioridade moral dos últimos tem sido reforçada pela imprensa. Os homens bombas são terroristas. Os pilotos israelenses que despejam bombas e mísseis em alvos civis não são terroristas, são soldados eficientes cumprindo seu dever de retaliar a brutalidade dos terroristas. As recentes invasões do Iraque e Afeganistão foram justificadas e, de certa maneira, ocasionadas pelo orientalismo. Já na década de 1970 o professor afirmava que o “orientalismo também se espalhou nos Estados Unidos agora que o dinheiro e os recursos árabes tem acrescentado um considerável charme à tradicional ‘preocupação’ com o Oriente, estrategicamente importante. O fato é que o Orientalismo tem se acomodado com sucesso ao novo imperialismo, no qual os seus paradigmas regentes nem contestam, e até confirmam, o persistente desígnio imperial de dominar a Ásia.” Ao invés de aceitar pacificamente as imagens orientalistas e as guerras causadas e justificadas pelo orientalismo, o livro sugere que devemos conhecer melhor a nós mesmos como ocidentais. O grego Sócrates, considerado o fundador da filosofia ocidental dizia sempre ‘conhece-te a ti mesmo’. Curiosa e ironicamente não foram os intelectuais europeus e anglo-americanos modernos que permitiram ao Ocidente conhecer-se.
O tradicional espetáculo de dança de Ju Marconato será realizado mais uma vez em Araraquara. A 14ª edição, intituladaTarot da Dança, será neste sábado, 20 de julho, às 19 horas no CEAR – Centro de Eventos de Araraquara e Região. Os convites já estão à venda da secretaria da escola e no site:https://www.sympla.com.br/.
Serão apresentados números de Dança do Ventre e um show com duração de 1h40. Além da professora Ju Marconato, no total participarão ainda 100 pessoas contando com as alunas do Ensino a Distância, novo projeto da bailarina, e de convidadas especiais.
As interessadas também podem participar de um workshop que será realizado no domingo (21) sobre o Tarot da Dança, na própria sede.
Com 18 anos, o Núcleo de Dança Ju Marconato oferece aulas de alto nível técnico, integrando arte, lazer e bem-estar. As aulas têm o objetivo oferecer um aprendizado teórico e prático para as alunas.
Há mais de 25 anos, Ju Marconato dedica-se a resgatar as tradições e as belezas da dança do ventre. Além de ser escritora, bailarina, coreógrafa, palestrante, professora de dança e fisioterapeuta, estuda o campo de energia humana sendo coach, terapeuta prânica, corporal e holística. Hoje, ela é uma das maiores divulgadoras da dança do ventre no Brasil e no mundo e tem uma agenda de compromissos lotada. São mais de 7 mil alunas e aulas dadas em todos os estados brasileiros, além de outros países como México, Peru, País de Galles, Panamá e Egito.
Mais informações podem ser obtidas pelo email assessoria@jumarconato.com.br
Serviço:
Festival Núcleo Ju Marconato – Tarot da Dança
Data: 20 de julho
Local: CEAR
Horário: 19h
Telefone Núcleo Ju Marconato: (11) 96514-7010
O documentário "The Mask You Live In" traz uma nova perspectiva sobre o machismo enraizado em nossa sociedade. Foi lançado em 2015 por Jennifer Siebel Newsom, diretora do documentárioMiss Representation (sobre a falta de representação das mulheres em posições de poder).
A emblemática frase de George Orwell no texto Shooting an Elephant, “Ele usa uma máscara, e seu rosto se adapta para preenchê-la”, representa perfetamente as ideias de The Mask You Live In: desde jovens, homens são forçados a vestir uma máscara de “masculinidade”. E ao longo de suas vidas, moldam suas ações a esta ideia da sociedade sobre o que é ser homem.
O propósito do documentárioé tocar no cerne do problema: a criação de meninos em nossa sociedade. Ao contar com depoimentos de todos os tipos de especialistas, entre eles educadores, sociólogos, psicólogos e atletas, o documentário torna-se material obrigatório não só para todos os homens, mas também para pais e mães de meninos.
Na crítica ao machismo e a questões como a cultura do estupro, o diferencial da obra é mostrar que os homens que são geralmente tratados como culpados, são também vítimas deste processo.
A tese de The Mask You Live In é simples: todo homem abusador, que perpetua o machismo, foi um dia um menino abusado, que sofreu com uma educação machista. E se você é homem, com certeza vai se identificar com as questões abordadas na obra.
É muito normal que durante a infância e adolescência, um menino ouça com frequência lições sobre o que é ou não é “coisa de homem”. De “homem não chora” a “engrossa essa voz”, os jovens em formação vão incorporando a máscara que a sociedade espera que eles vistam, gerando uma ansiedade constante sobre “precisar provar sua masculinidade o tempo todo”, como defende o professor de Sociologia Michael Kimmel.
Sabemos que, de acordo com a psicologia comportamental, parte do aprendizado se dá por reforçamento/punições e pela observação de modelos. Quando um menino age de acordo com o que é esperado de um homem, tem seu comportamento reforçado pelos pais e pela sociedade à sua volta, através de recompensas sociais, como um olhar de aprovação ou comentários do tipo “esse meu filho é muito macho mesmo”. Como consequência, a criança irá reproduzir o comportamento, esperando obter recompensas novamente.
Mas quando age de forma diferente do que seria esperado, é comum ser punido. Na maioria das vezes a punição não vem através de um castigo ou de uma surra, mas de forma emocional. Além da clássica frase “isso não é coisa de homem”, novamente apenas um olhar de desaprovação ou decepção de um pai seria suficiente para que o filho aprendesse que aquele comportamento não deve ser reproduzido novamente.
Desta forma, os meninos são treinados a esconder suas emoções e a rejeitar todas as qualidades que são vistas como “femininas”, como a sensibilidade, o acolhimento, a intimidade com colegas e até mesmo o gosto pelas artes. Tudo para evitar que sua masculinidade seja questionada.
O filme apresenta algumas estatísticas assustadoras da sociedade norte-americana. Nos Estados Unidos, meninos são duas vezes mais propensos a reprovar ou largar a escola que meninas, e quatro vezes mais propensos a serem expulsos. O suicídio é a terceira causa mais comum de mortes entre jovens garotos, e 21% relatam acessar pornografia todos os dias.
Estas são apenas algumas das consequências de uma cultura que gera um estado constante de ansiedade e pressão nos jovens. Os efeitos, no entanto, não se encerram na infância e adolescência. Afinal, meninos machucados tornam-se homens machucados, que muitas vezes irão perpetuar estes valores a seus filhos.
Quando analisamos essas questões, fica bastante claro o quanto a reprodução destes valores faz mal para nossa sociedade como um todo. No entanto, uma questão importante é: por que homens continuam perpetuando valores que também fazem mal a si próprios e a seus filhos?
Para participar da sociedade, o ser humano se molda e adota os valores daquela cultura. Muitas vezes a prejuízo de sua própria individualidade, em busca de aceitação. Com isso, reproduz comportamentos que podem ser nocivos a si mesmo, perpetuando costumes que por algum motivo parecem estar acima de seu julgamento crítico.
Afinal de contas, ao perpetuarem críticas ao modo de outros se comportarem, em algum momento essas críticas podem se voltar contra si mesmos, se tiverem qualquer tipo de comportamento que também não se aplique a esses preceitos do que seria ou não “coisa de homem”.
Como suas próprias identidades foram construídas desde cedo em torno da repressão de sua espontaneidade em nome de um comportamento “de homem de verdade”, quando se confrontam com outros seres do sexo masculino que não cederam a esta repressão, sente uma espécie de raiva e necessidade de aplicar também esta opressão.
Ou seja, “se eu tenho que me esforçar 100% do tempo para ser macho, então você também tem que fazer isso”. Se este homem “permite” que outro viva sem estas amarras, é como se isto invalidasse a própria identidade do agressor, que, por sua vez, passou por grande esforço e sofrimento para se adaptar a estes valores.
É como se a pessoa tivesse se esforçado a vida inteira para aprender as regras de um jogo e alguém lhe falasse que aquele jogo não tem nenhum valor. É um questionamento direto a identidade deste homem que teve sua liberdade castrada desde menino.
Quanto mais velho, mais difícil fica “sair do automático”, e entender que os valores que nos foram ensinados não são necessariamente bons para nós e para a sociedade como um todo. E por isso é tão nocivo infectar as novas gerações com estes comportamentos.
Como quebrar o ciclo? Certamente através da reflexão, da análise das consequências que a cultura machista provoca em nossa sociedade, e da tentativa de mudar nossas pequenas atitudes que alimentam esse vírus que se propaga de geração em geração.
E nisso o documentário The Mask You Live In faz um ótimo trabalho, assim como o reality show Queer Eye.
Que possamos educar os futuros homens de nossa sociedade, para que estes meninos tenham a liberdade de definir o que irá representar “ser homem de verdade” daqui para frente.
Em 21 de julho acontece em São Paulo a TRIBUS Fair, um encontro criado para promover integração não somente entre bailarinos e estudantes de Tribal Fusion e American Tribal Style (ATS), mas também para adeptos de diferentes modalidades, entre as quais a dança do ventre. Na programação estão mostras e também feira de produtos artesanais, em especial figurinos de dança tribal.
De acordo com Marcela Mejias, uma das organizadoras do evento, a TRIBUS Fair tem como objetivo principal ser um ambiente para divulgar o estilo tribal, com o envolvimento direto de profissionais, amadores, além de produtores e artesãos.
“A TRIBUS Fair tem clima de festa e é um evento para somar na divulgação, acesso e crescimento do estilo Tribal, que é recente e tem potencial para contribuir na vida de quem busca diversão, criatividade, inspiração, expressividade, desenvolvimento pessoal, autoconhecimento e amizades, a partir da experiência única de cada um com essa arte”, diz ela.
Já a feira de expositores é um espaço para vender e divulgar trabalhos, tendo como foco a economia local e criativa, formando um tipo de rede entre todos os participantes.
Em sua 5ª edição, o evento deve superar a movimentação da edição anterior, realizada em novembro de 2018, quando recebeu aproximadamente 200 pessoas, 24 expositores e foi palco para 20 apresentações artísticas. Para se ter uma ideia, no lançamento da TRIBUS Fair, em 2017, o público foi de 70 pessoas.
“O evento vem crescendo e sendo adaptado a esse crescimento”, destaca Marcela, que ainda comenta sobre a realização de pesquisa de opinião e o espaço para sugestões, que permitem que o evento vá sendo lapidado para cada nova edição.
Serviço:TRIBUS Fair – A Feira da Tribo
21 de julho de 2019, às 17h
Local: Coconut Brasil
Endereço: Rua Canuto do Val, nº 41, Santa Cecília, São Paulo -SP
Site:http://tribusfair.com.br/
Mais informações nos perfis do evento noFacebookeno Instagram.
Em homenagem aos 50 anos da música “Space Oddity”, a Mattel anunciou uma Barbie inspirada em David Bowie. A boneca vem com o estilo do músico na era Ziggy Stardust. A edição é limitada e está à venda no site da empresa.
Botas vermelhas, roupa listrada e metálica, traços ressaltados por uma forte maquiagem representam o alter-ego roqueiro alienígena criado pelo britânico entre 1972 e 1973. O cabelo curto e vermelho corresponde ao mesmo de Stardust.
O personagem era um ser de outro mundo que veio à Terra, segundo o próprio astro, que cantava sobre transformação e dor. A sua vaidade era fora do comum e ele tinha o carisma para transar com quem desejasse, homem ou mulher.
"The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" é o quinto álbum de estúdio de Bowie, lançado em 1972.
É cogitada uma cinebiografia de David Bowie com a atriz Tilda Swinton interpretando o artista. Duncan Jones, filho do cantor, foi quem sugeriu que o escritor Neil Gaiman fizesse o longa.
No dia 13 de julho é celebrado o Dia Mundial do Rock, pois nessa data, em 1985, foi realizado o concerto beneficente Live Aid, que ocorreu simultaneamente nos estádios Wembley, em Londres, e John F. Kennedy, na Filadélfia. O megaevento, que este ano completa 34 anos, foi organizado pelos cantores e compositores Bob Geldof e Midge Ure, com objetivo de levantar fundos para combate à crise humanitária na Etiópia.
Em cada cidade, mais de 20 atrações que se apresentaram tiveram grande simbologia e importância. “Dada a grandeza do evento, os dois shows foram importantes para chamar a atenção da mídia para o problema de fome no país africano. Em Londres, o público foi de 72 mil pessoas, já na Filadélfia foi de 100 mil”, conta Ciro Visconti, coordenador da primeira e única pós-graduação em Rock do Brasil pela Faculdade Santa Marcelina.
As performances dos artistas demoraram cerca de 10 horas em cada um dos dois palcos e foram transmitidas via satélite para cerca de 150 países, alcançando aproximadamente 1,5 bilhão de espectadores. “O show de 21 minutos do Queen no Live Aid foi eleito como a melhor performance de um artista na história do Rock em uma votação entre artistas, produtores e jornalistas da indústria fonográfica, que ocorreu em 2005, batendo outras consagradas apresentações de artistas, como a de Jimi Hendrix (1969), Sex Pistols (1976), David Bowie (1973) e Rolling Stones (1969)”, comenta Visconti.
Ainda de acordo com o professor, o show da banda Queen, no Live Aid, é considerado o grande destaque, visto que o evento também contava também com bandas clássicas, como Led Zeppelin, Black Sabbath e The Who. “Na época, haviam artistas que estavam liderando as paradas, como Dire Straits (com Money For Nothing) e U2 (com Sunday Bloody Sunday). Além disso, a icônica performance da banda Queen foi reproduzida quase integralmente no filme Bohemian Rhapsody (2018)”.
As bandas e artistas que se apresentaram no Wembley foram Status Quo, The Style Council, The Boomtown Rats, Adam Ant, Ultravox, Spandau Ballet, Elvid Costello, Nik Kershaw, Sade, Sting (participação de Phill Collins), Howard Jones, Bryan Ferry (participação de David Gilmour), Paul Young, U2, Dire Straits, Queen, David Bowie, The Who, Elton John, Paul MacCartney e Band Aid.
Já no estádio John F. Kennedy, na Filadélfia, se apresentaram Bernard Watson, Joan Baez, The Hooters, Four Tops, Billy Ocean, Black Sabbath, Run-D.M.C, Rick Springfield, REO Speedwagon, Crosby, Stills and Nash, Judas Priest, Bryan Adams, The Beach Boys, George Thorogood and The Destroyers, Simple Minds, Pretenders, Santana, Ashford & Simpsons, Madonna, Tom Petty and the Heartbreakers, Kenny Loggins, The Cars, Neil Young, The Power Station, Thompson Twins, Eric Clapton, PhillCollins, Led Zeppelin, Crosby, Stills, Nash & Young, Duran Duran, Patti LaBelle, Hall & Oates, Mick Jagger, Tina Turner, Bob Dylan e USA for Africa.
O gênero é contemplado pelos estudos da pós-graduação em Rock, da Faculdade Santa Marcelina, que analisa o estilo musical por meio de três pilares: teoria, história e prática. O curso, inédito no Brasil, aborda a aprofundada pesquisa acadêmica já desenvolvida internacionalmente sobre o Rock.
Sobre a Pós-graduação em Rock
Mesmo que o Rock seja um dos gêneros mais conhecidos da música popular e que existam inúmeros músicos e bandas do gênero espalhados por todos os continentes, sua pesquisa acadêmica é, embora vigorosa, relativamente recente. Essa demora em constituir uma pesquisa específica gerou uma defasagem nos cursos superiores de música, especialmente no Brasil, onde são mais direcionados aos gêneros de música instrumental, como o Jazz, o Fusion e a Música Instrumental Brasileira. Isso ocorre porque as ferramentas e técnicas desenvolvidas nas pesquisas destes gêneros instrumentais, seja no campo da harmonia, morfologia, análise, rítmica, história. Prática de bandas, etc., não são adequadas à canção, a modalidade de composição mais comum ao Rock ou a seus subgêneros. O curso pretende não apenas abordar e divulgar pela primeira vez no país e em português a aprofundada pesquisa acadêmica desenvolvida em universidades internacionais especialmente para o gênero Rock, como também ampliar esta pesquisa ao aplicar suas ferramentas também ao Rock produzido no Brasil e na América Latina, destacando suas semelhanças e diferenças em relação ao Rock inglês e americano. Esta ação também abre a oportunidade de verificar a influência que o Rock exerce sobre determinados artistas de diferentes gêneros e de movimentos de música brasileira, como a Tropicália e o Clube da Esquina.
Sobre a Faculdade Santa Marcelina
A Faculdade Santa Marcelina é uma instituição mantida pela Associação Santa Marcelina – ASM, fundada em 1º de janeiro de 1915 como entidade filantrópica. Desde o início, os princípios de orientação, formação e educação da juventude foram os alicerces do trabalho das Irmãs Marcelinas. Em São Paulo, as unidades de ensino superior iniciaram seus trabalhos nos bairros de Perdizes, em 1929, e Itaquera, em 1999. Para os estudantes é oferecida toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento intelectual e social, formando profissionais em cursos de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu). Na unidade Perdizes os cursos oferecidos são: Música, Licenciatura em Música, Artes Visuais, Licenciatura em Artes Plásticas e Moda. Já na unidade Itaquera são oferecidas graduações em Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Tecnologia em Radiologia.