sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Naima Akef

Naima Akef nasceu em 7 de outubro de 1932 em Tanta, no delta do Nilo, na família Akef. Havia um circo famoso onde a família inteira participava, se apresentando ou nos bastidores, tanto os jovens quanto os velhos. O Circo Akef era famoso com seus animais treinados, truques, bem como por incríveis apresentações de dança e acrobacias extravagantes.

Esta é a atmosfera da família onde Naima Akef nasceu e cresceu.
 


A família Akef morava no Cairo, no distrito de Bab El Khalq, entretanto viajava por todo o país e mesmo pelo mundo com suas turnês, especialmente na Rússia em 1957, onde Naima apresentou sua dança em um festival juvenil internacional e ganhou o primeiro prêmio de dança do festival, onde se apresentaram dançarinas de mais de 50 países. Uma foto comemorativa desta vitória está exposta na parede do Hall da Fama do Teatro Bolshoi.

O avô de Naima, Ismail Akef, um professor de ginástica e treinador na Academia de Polícia do Egito, criara o Circo Akef ao se aposentar. Ismail abrigou Naima sob suas asas, reconhecendo seu talento como dançarina e ajudou-a a modelar suas particularidades em uma artista histórica que alcançou o estrelato com o cinema egípcio. Naima foi descoberta primeiro pelo diretor Abbas Fawzy, que apresentou-a a seu irmão, o também diretor Hessein Fawzy, que percebeu o talento natural de Naima para a tela e deu a ela o papel principal no filme “El Eish Wel Malh”. Naima estreou neste filme com o cantor Saad Abdel Wahab, primo do legendário cantor e compositor Mohammed Abdel Wahab. O filme foi um grande sucesso para o estúdio Nahhas Film.

Naima teve um sucesso após o outro. Em “Nur Oyouni” (A luz dos meus olhos), houve um número de dança de Naima com o legendário Mahmoud Reda. O número foi chamado “Leil We Ein” e foi feito para o Concelho de Artes do Egito.
 


A dança egípcia corria livre nas veias de Naima. Foi seu primeiro amor e a melhor maneira de se expressar, que ela usava na sua vida circense que servia como uma plataforma para sua dança, enquanto tentava e apresentava novas ideias, coreografias e músicas. Ela nunca tomou atalhos no que se refere a medir despesas, treinar ou fazer as próprias roupas ou das dançarinas e dos cantores e outros participantes que a acompanhavam nos shows. Ela era muito consciente de seu peso e mantinha-o sob estrito controle, para continuar parecendo jovem e flexível. Naima sacrificou até mesmo a maternidade, deixando para dar a luz um pouco antes de seu próprio falecimento.

Os peritos em dança egípcia têm certeza que Naima não foi influenciada pelos estilos de outras dançarinas, mas sim criou seu próprio estilo e tinha um sentimento pessoal da interpretação pela dança da música egípcia, a ponto de criar o novo no palco e em ensaios. Frequentemente, Naima coreografava suas próprias sequências, mas ficou muito famosa por ser disciplinada e obediente a seus treinadores, técnicos e coreógrafos.

No mundo da arte, naquela era do Egito, Naima foi muito famosa por sua amizade, doçura e disponibilidade para ajudar todos os seus amigos próximos e associados, bem como sua equipe de filmagem e membros do set. Nunca era egoísta, e sempre colocava os outros à frente dela mesma. Há uma famosa história sobre um dia, em uma filmagem, após uma cansativa manhã de filmagem, durante o descanso após o almoço, Naima notou que uma companheira dançarina do filme estava se esforçando para fazer um movimento acrobático que ela teria que fazer e enfrentava claras dificuldades para executar este movimento, que deveria ser filmado logo após o almoço. Ao invés de almoçar e descansar merecidamente, Naima foi até a garota, mostrou a ela como o passo devia ser feito com facilidade, e fez isso diversas vezes e treinou e ajudou-a até que ela conseguisse obter êxito, para deleite da garota e aplausos em massa da equipe de filmagem, dos atores e do diretor.

Naima raramente dançava em casas noturnas, mas sim em seus filmes que ela regularmente organizava no Egito e fora. Aquelas não eram apresentações de dança puramente egípcia, mas sim uma expressão livre e mais de uma música. Ela usava movimentos para expressar emoções e sentimentos, gestos, direta ou indiretamente, com expressão corporal que era uma testemunha do esforço de Naima em refletir seu talento artístico e sua flexibilidade e agilidade corporal.

Naima era muito orgulhosa de seu sucesso, que ela atingira por seu próprio mérito e sem ter rastejado em casas noturnas por um longo tempo. Ela se lembrava de como, quando sua mãe e seu pai se separaram, ela formou um ato cômico e acrobático que realizou em diversos clubes até ter a chance de trabalhar na famosa casa noturna de Badeia Masabny, onde a jovem Naima brilhava como uma estrela e era uma das poucas garotas a cantar e dançar.

Naima também recorda-se de ser a favorita de Badeia, o que causava a maior inveja nos corações de outras dançarinas de cenário do clube, até um dia em que elas se juntaram e tentaram bater nela, mas graças à sua força e agilidade, ela conseguiu se defender e inverter a situação. Mas Naima foi despedida do clube e foi trabalhar em outro famoso ponto noturno, o Clube KIT KAT, onde conheceu o diretor cinematográfico Abbas Kamil, que apresentou-a a seu irmão, o diretor Hessein Fawzy, famoso por seus filmes musicais. Esta parceria foi um grande sucesso para ambos, e eles foram casados por nove anos, embora não tenham tido filhos. Alguns anos após o divórcio, Naima casou-se com seu contador, a quem deu um filho que trabalhava na área musical.

Naima entrou nos livros de história da dança do Egito como uma de suas dançarinas mais inovadoras, criativas e renovadas. Ela também entrou nos livros de história do cinema como a primeira mulher a estrelar o primeiro filme inteiramente colorido do Egito, “Baba Aaris”, dirigido por seu primeiro marido Hessein Fawzy em 1951. 



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