quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A Trade Like Any Other - Karin van Nieuwkerk

Este livro contém uma dissertação de doutorado que explora o status social que os dançarinos ocupam na sociedade egípcia, juntamente com as razões por trás desse status. Embora haja informações sobre o Egito moderno, a maior parte do livro cobre a perspectiva histórica. Foi publicado em 1994.

Este livro procura responder à questão de por que as mulheres que cantam e dançam profissionalmente no Egito têm um status tão baixo na sociedade egípcia. Consiste em uma pesquisa de campo conduzida pela autora no Egito, incluindo muitas entrevistas com artistas, bem como outros locais em outras esferas da vida.

Para aqueles de nós que vivemos na sociedade ocidental, onde as celebridades são respeitadas e adoradas em nossas culturas há várias décadas, pode ser difícil entender a ideia de que cantores e artistas de dança oriental são vistos como de baixo status na casa da dança no Egito. Os filmes egípcios que tornaram famosas dançarinas como Tahia Carioca e Samia Gamal, combinados com a fama de estrelas mais recentes como Nagwa Fouad e Soheir Zaki, podem nos levar a acreditar que as artistas do Egito são tão respeitadas lá quanto uma estrela de cinema famosa. Mas esse não é o caso, e A Trade Like Any Other explora por quê.

O livro abre com uma história das profissões de entretenimento no Egito desde o século 19 até os tempos modernos, particularmente focada na profissão de raqissa (dançarina). O foco está no século 20 e gira em torno das Awalim do Cairo. Ele traça a evolução da dança desde os artistas em casamentos e moulids (festivais do dia dos santos) até o surgimento da indústria de nightclubs. E descreve como a transição de apresentações para egípcios locais em casamentos e festivais para apresentações para estranhos em boates mudou o caráter da dança.

Depois de estabelecer essa base histórica, o livro aprofunda o status dos dançarinos na sociedade atual.

As entrevistas que a escritora realiza com dançarinas e outras pessoas dão um lado muito humano à subcultura dos artistas, compartilhando histórias de pessoas da vida real e sua relação com a sociedade.
Karin entrevistou pessoas diferentes o suficiente para fornecer várias perspectivas e equilibrar o preconceito que qualquer um dos entrevistados poderia trazer à tona. 

Sugiro que leia também o artigo do mesmo autor "An hour for God and an hour for the heart:

Islam, gender and female entertainment in Egypt". Ele oferece uma introdução a algumas das informações que são exploradas no livro com mais profundidade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Perfeccionismo

Quando falamos em perfeccionismo, estamos dizendo respeito a nada mais que alguns padrões comportamentais que uma pessoa apresenta, os quais classificamos como “perfeccionistas”. Geralmente, tratam-se de respostas controladas por um modelo considerado ideal, que também é reforçado socialmente.

Estudos da Psicologia da Dança e Psicologia do Esporte (Stoeber, 2014) mostram que existem basicamente dois padrões gerais de comportamentos categorizados como perfeccionistas. ⠀


O primeiro está associado aos chamados "esforços perfeccionistas", geralmente manifestados por bailarinos e atletas saudáveis que orientam seu comportamento ao reconhecimento de seus próprios esforços e à superação de seu próprio desempenho, do que a necessariamente vencer ou "ser o melhor". Este padrão comportamental normalmente é acompanhado de maior satisfação e caracteriza-se pela maior presença de respostas de tolerância, resiliência e persistência.


Já o segundo padrão está associado às "preocupações perfeccionistas", manifestadas por bailarinos e atletas que orientam seu comportamento a ganhar sempre ou atingir um modelo de perfeição idealizado ou irrealístico. Tal padrão, por sua vez, está mais ligado à insatisfação, auto sabotagem e desistência na dança, bem como, pode estimular comportamentos obsessivos em relação à dança, além de outros sintomas. ⠀


Aqui serão propostas algumas estratégias psicológicas/comportamentais para lidar de forma mais saudável e eficaz com o perfeccionismo. Afinal, pode ser um bom aliado, desde que orientado da forma adequada.


1 - Evite ao máximo julgar-se como ruim, ou usar outros adjetivos generalistas e depreciativos, que não sinalizam o que precisa ser modificado e te desestimulam. Ao invés disso, identifique RESPOSTAS ESPECÍFICAS que poderiam ser refinadas e DESCREVA essas respostas. É recomendável ter um caderninho para você anotar essas correções, após suas observações em aulas, treinos ou vídeos. Você também pode contar com o auxílio de um professor nesse processo.


2 - Valorize também os seus PONTOS POSITIVOS! E anote-os, se for preciso. Reconheça as suas evoluções após os treinos, elogie-se, presenteie-se.


3 - É muito positivo ter modelos e inspirações na dança, porém, é muito importante reconhecer que, como todo e qualquer repertório comportamental, aquele que você admira também passou por um processo e uma história para ser construído. Portanto, DIVIDA SEUS SONHOS EM METAS pequenas e realísticas. Por exemplo, comece treinando um passo específico da bailarina que você admira ou dançando apenas o primeiro minuto daquela música de dez minutos que deseja dançar. Depois que alcançar a meta, parta para a próxima (que exigirá um repertório maior), e assim por diante.


4 - COMPARE-SE SOMENTE COM VOCÊ MESMO. Lembre-se que você possui uma história única e ninguém é como você. A sua beleza está justamente na sua imperfeição e em como você lida com ela.


5 - TREINE! Nada melhor do que o treino para refinar as suas respostas e mostrar que tudo é possível, mas é necessário um caminho a se percorrer.


Espero que essas estratégias possam te auxiliar. Estamos juntos nesse processo de autoaceitação, paciência e superação!


Referências:

Stoeber, J. (2014). Perfectionism in sport and dance: A double-edged sword. International Journal of Sport Psychology, 45(4), 385-394.


Fonte: Giovanna Faraash