domingo, 9 de maio de 2021

Feminismo: perversão e subversão – parte IV

O quarto capítulo, "Subversão das identidades" fala sobre a terceira onda feminista.
Diz a autora: "Tenho tentado demonstrar que o movimento feminista não representa nem se interessa pela condição das mulheres, apenas se vale dessa propaganda para alcançar sua real intenção: instaurar uma revolução sexual que subverta os sexos e o sexo. A teoria de gênero estruturada por Judith Butler deixa isso claro. Ela não tem problemas em admitir seu caráter subversivo e isso nos coloca, portanto, outro dilema: será que as mulheres sabem disso?"

Daqui então segue falando da "Ideologia de Gênero". Faço uma pausa aqui para explicar o que ela seria.

O conceito de gênero é presente no movimento feminista desde os anos 1970 e é entendido não como sexo biológico, mas como as construções sociais baseadas nos sexos biológicos

Por muito tempo pregou-se que os homens eram superiores às mulheres por características biológicas. Essas características não se referiam apenas à força física, por exemplo, mas também afirmavam que homens eram mais inteligentes e éticos. O conceito de gênero então surgiu para contestar isso.

“Gênero” não é uma palavra mais bonita para se referir ao sexo biológico, mas um termo que vê essa desigualdade na percepção das capacidades de homens e mulheres como algo socialmente construído.

Ao se falar em “questão de gênero”, por exemplo, faz-se referência às atividades culturalmente atribuídas às mulheres – como cuidar da casa e dos filhos – e aos homens – como sustentar financeiramente a família. As teorias feministas explicam que essas ideias são construídas com base nos costumes, não nas capacidades biológicas. Afinal, um homem não é fisicamente incapaz de limpar a casa e nem uma mulher é fisicamente incapaz de trabalhar como engenheira e sustentar financeiramente sua família.

O fato de as expectativas sobre os “papéis” atribuídos a homens e mulheres cisgêneros serem diferentes ao redor do mundo, mudando de cultura para cultura, reforça a teoria feminista de que essas expectativas são construídas socialmente.

Acredita-se que o termo “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez em 1998, em uma nota emitida pela Conferência Episcopal do Peru intitulada “Ideologia de gênero: seus perigos e alcances”. O evento nacional que reúne bispos de todo o país é uma tradição da Igreja Católica no mundo inteiro.

Desde seu surgimento, a expressão “ideologia de gênero” carrega um sentido pejorativo (negativo, ofensivo). Por meio dela, setores mais conservadores da sociedade protestam contra atividades que buscam falar sobre a questão de gênero e assuntos relacionados – como sexualidade – nas escolas. As pessoas que concordam com o sentido negativo empregado no termo “ideologia de gênero” geralmente temem que, ao falar sobre as questões mencionadas, a escola vá contra os valores da família.

Dentre esses valores está o medo de que o debate menospreze crenças familiares e gere intolerância religiosa, tanto por parte dos professores quanto de outros colegas. Outro medo é que a ideologia de gênero induza crianças a serem homossexuais ou transexuais. Geralmente tais grupos também discordam da teoria que aponta gênero como sendo socialmente construído e acreditam que o sexo biológico define tanto o gênero quanto a sexualidade da pessoa. Consequentemente, entende-se que a heterossexualidade é o “natural”.

A autora começa o capítulo citando Judith Butler, que em 2017 veio para o Brasil participar de um evento sobre democracia e não foi muito bem recebida por alguns cidadãos. A filósofa e professora da Universidade da Califórnia Judith Butler é referência nos estudos de gênero e sexualidade e, por isso, cerca de 320 mil pessoas que são contra a chamada ideologia de gênero assinaram uma petição online demonstrando-se desfavoráveis à presença da filósofa no país. Outras centenas de pessoas foram ao aeroporto de Congonhas tanto para hostilizar quando para apoiar a chegada da professora.

O Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual (NEU) da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) realizou uma pesquisa com os grupos que estavam presentes no aeroporto. Um dos levantamentos feitos pelos pesquisadores consistia em perguntar às pessoas que carregavam cartazes com frases “não à ideologia de gênero” e afins o que elas queriam dizer. Algumas das respostas foram:

“A ideologia de gênero transmite conceitos totalmente contrários à biologia e à ordem natural das coisas.”

“Eles [defensores da teoria de gênero] querem tirar a autoridade dos pais.”

“Querem acabar com a família tradicional e passar a ideia de que a homossexualidade é cool [descolada], moderna e que a maioria é homossexual. Isso não é verdade.”

Para a coordenadora do NEU, Isabela Oliveira Pereira da Silva, os opositores à Judith Butler compartilham uma “ideia geral de que ideologia de gênero significa ensinar as crianças a ser gays”. Ela ainda destacou que “não existe uma aula desse tipo. Nunca ninguém fez algo parecido com isso”.

A filósofa Judith Butler, após sua visita, escreveu um artigo publicado na Folha de S. Paulo buscando desmentir opiniões populares erradas sobre os estudos da questão de gênero  ou ideologia de gênero, como nomeiam os críticos. Além disso, a pensadora expôs a percepção de que “desde o começo, a oposição à [sua] presença no Brasil esteve envolta em fantasia”.

Quanto à desinformação sobre estudos de gênero – que tendem a levar ao mencionado “pânico moral” –, a Profª Drª Maria Eulina Pessoa de Carvalho, da Universidade Federal da Paraíba (UFPb), busca desmentir algumas dessas visões. A professora ressalta que os estudos sobre a questão de gênero não buscam diminuir ou rechaçar religiões e pessoas religiosas. Ela destaca que ao reconhecer a diversidade de famílias, não se nega a família tradicional e heterossexual. Carvalho ainda cita a Declaração da Diversidade Cultural da UNESCO, de 2001, para reforçar sua visão que dá importâncias às diversidades e liberdades religiosa e cultural.

Quanto à implementação dos estudos sobre gênero nas escolas, a professora do Departamento de Ciências Humanas e Educação (DCHE) da UFSCar, Viviane Melo de Mendonça, afirmou que:

“A educação para a diversidade não é uma doutrinação capaz de converter as pessoas à homossexualidade, como se isso fosse possível. O objetivo é criarmos condições dentro das escolas para que professores e alunos possam aprender e ensinar o convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todos.”

Dessa forma, ao tornar a escola um ambiente aberto à reflexão, com respeito às individualidades e à liberdade de expressão, seria construída uma educação “que combata discriminação e preconceitos”, principalmente quanto à violência contra a mulher e LGBTfobia.

A autora, Ana Caroline Campagnolo, esbanja discriminação ao citar até a aparência física de Judith Butler, que ela descreve como "alguém para quem se olha sem conseguir enxergar uma mulher, tampouco um homem completo."

Em seguida, ela cita Monique Witting para reforçar a ideia de um "padrão lésbico" no feminismo. "O único feminismo aceitável é aquele que prevê objetivamente a destruição de qualquer feminino que, para Monique, não passa de um mito historicamente elaborado. O feminismo mais efetivo é o mais radical, é o que chamamos de "terceira onda". Nessa onda, encontramos o lema: o lesbianismo é o único caminho para a liberdade feminista."

Avançamos então para a parte "O padrão gay e Alfred Kinsey", em que cita o autor dos livros "O comportamento sexual do macho humano" e "O comportamento sexual da fêmea humana".
"
Entre as numerosas conclusões que o autor tira de seus formulários e pesquisas, encontra-se uma maioria esmagadora dedicada ao homossexualismo. E impossível não notar que dedica apenas um capítulo do livro às experiências heterossexuais. Afirma que quase 40% dos homens teve, pelo menos, uma experiência homossexual antes da velhice. Exatamente metade dos solteiros com até cinquenta anos endossam essa fileira. Dentre os meninos pré-adolescentes, concluiu que 60% se envolvia em práticas homossexuais. De impressões desses dados, Kinsey construiu uma Escala da Homossexualidade, intentando demolir o padrão binário - acima se apontou que essa pretensão foi repetida por Witting, Butler, etc. - demonstrando que convém classificarmos as relações e não as pessoas como heterossexuais ou homossexuais."

Kinsey afirmava: "Falando em termos biológicos, não existe, na minha opinião, nenhuma relação sexual que eu considere anormal[...] O problema é que a sociedade está condicionada por normas tradicionais para fazer crer que a atividade heterossexual dentro do casamento é a única correta e sã entre as expressões sexuais [...] Levar a cabo qualquer tipo de atividade sexual é libertar-se do condicionamento cultural que a sociedade impõe, e que leva a fazer distinções entre o que é bem ou mal, entre o lícito e o ilícito, entre o normal e o anormal, entre o aceitável e o inaceitável na nossa sociedade".

Ele se dedicou em tirar a homossexualidade do catálogo patológico e afrouxar as leis e punições relacionadas aos crimes sexuais, e leis contra alguns desvios sexuais começaram a ser repensadas.

A autora em seguida passa a discursar sobre o aumento de "movimentos pró-pedofilia" no mundo.
Depois de muito blablabla e contar a história do caso de John Money o quarto capítulo acaba.

sábado, 8 de maio de 2021

Feminismo: perversão e subversão – parte III

O terceiro capítulo, "Reprodução feminina do vício masculino" trata da segunda onda feminista, começando na década de 1960, a segunda fase é contemporânea dos anos rebeldes e da construção do muro de Berlim.
Aqui ela traz um histórico da vida de Margaret Sanger. Enfermeira e educadora, Margaret Sanger abriu, em 1916, a primeira clínica de controle de natalidade nos Estados Unidos, o que era ilegal na época. Sua prisão e condenação levaram a uma decisão judicial segundo a qual os médicos poderiam prescrever contraceptivos para mulheres por razões médicas. Em 1923, Sanger abriu uma nova clínica com equipe médica, que acabou se tornando a Federação de Planejamento Familiar da América (Planned Parenthood).
O lado sombrio são suas opiniões sobre a eugenia, uma crença em melhorar a raça humana por meio de procriação seletiva. As práticas da eugenia visavam pessoas com deficiência, pessoas de cor e pessoas pobres. Sanger morreu em 1966.

A autora segue citando a história de Norma Leah McCorvey Nelson, chamada de Jane Roe na ação judicial movida por suas advogadas pelo direito a um aborto legal.

A autora segue então na parte "Promiscuidade e irresponsabilidade sexual", onde diz: "A segunda onda do movimento só faz mais evidente o papel fundamental da liberação sexual no discurso feminista. A fase é marcada pelo desejo de algumas mulheres ocidentais de reproduzir os defeitos sexuais que sempre foram, no imaginário social, atribuídos aos homens: promiscuidade, desapego e irresponsabilidade com relação aos filhos. Se há um símbolo para a segunda fase do movimento é precisamente a inveja do vício."
Ana Caroline também cita o russo Pitirim Sorokin que publicou um relatório sobre os efeitos do pensamento feminista de liberação sexual. Foi uma fase em que "as feministas condenavam a estrutura social da América como opressiva e lutavam por uma nova visão de mundo, uma que não envolvesse Deus ou regras societárias".
São citadas umas poucas autoras que "defendiam a promiscuidade" e uma vida sexual desregrada, como se isso fosse uma lei máxima do feminismo, e traz alguns dados sobre o número de casais com filhos, de separações e divórcios e do número de mães solo, como se fosse apenas resultado da "revolução sexual". 

Continuando, a autora aborda a obra de Simone de Beauvoir. "Considero que a obra inaugural da Segunda Onda feminista foi o livro da francesa Beauvoir publicado em 1949: O segundo sexo".
"Nenhum destino biológico, físico, econômico, define a figura da fêmea humana que se reveste no seio da sociedade: é a civilização como um todo que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificamos de feminino." (Simone de Beauvoir, O segundo sexo, São Paulo: Difusão Européia do Livro, l970)

Depois, Ana Caroline fala um pouco sobre uma suposta "feminização da sociedade" e mudança da figura masculina, que não é mais tão "viril".

Continuando, vemos uma contradição na parte "A falsa promessa de satisfação", pois mesmo lendo tantas vezes neste livro que o feminismo incentiva "libertinagem sexual", vemos dados de que na verdade os jovens tem feito menos sexo.
"Em um dos estudos, a Dra. Jean Twenge, professora e pesquisadora da San Diego State University, descobriu que os millennials relatam ter menos parceiros sexuais que a Geração X e mesmo os baby boomers na idade deles. E um relatório de 2015 do Center For Disease Control descobriu que menos pessoas de 15 a 19 anos relatam ter experimentado coito se comparadas às gerações anteriores. O declínio é significativo nos dois gêneros, mas particularmente entre os homens [...] Ao mesmo tempo, há muita pressão sobre os jovens de hoje. Entre as expectativas criadas pelo pornô e o escrutínio constante de suas vidas sexuais por pesquisadores e pela mídia, o pessoal de 20 e poucos anos se tornou consciente num mundo de análise constante."

Em seguida, em "Betty Friedan, matrimônio e maternidade", é citado o livro "A mística feminina", publicado por Friedan.
"Um trecho da obra da jornalista Peggy Orenstein resume com objetividade qual a importância da participação da ex-dona-de-casa e ativista feminista Betty Friedan no que foi a Segunda Onda feminista: "Em 1959, o aborto ainda era crime. As mulheres que não eram casadas não podiam obter métodos contraceptivos legalmente, e os farmacêuticos [...] se recusavam a vender camisinhas para homens que eles achavam que fossem solteiros. [...] A introdução da pílula anticoncepcional, em 1960, foi o primeiro tiro da revolução sexual. Três anos depois, veio a publicação da Mística feminina, que lançou a nova onda feminista. Uma década mais tarde, a Suprema Corte garantiu o direito da mulher ao aborto. Como o sexo se viu livre da reprodução, a ideia de "esperar até o casamento" ou mesmo até a vida adulta, ficou cada vez mais obsoleta. Entre 1965 e 1980, a porcentagem de garotas de dezesseis anos que haviam tido relação sexual dobrou."

A autora cita algumas autoras que condenavam e viam como infeliz a tarefa de ser mãe e dona de casa.
Em "A quem importa casar-se?" temos mais desse pensamento. "Famílias bem estruturadas e casamentos afinados têm garantido uma infância mais saudável para os pequenos e uma vida social menos turbulenta para os adultos. Pesquisas têm demonstrado a estrita ligação entre a organicidade familiar e a qualidade de vida. Da mesma forma, a relação entre a criminalidade e o desajuste familiar."

Aqui a autora chega a argumentar como é uma desvantagem para o homem estar numa relação monogâmica. "Mas o sacrifício da exclusividade também é verdade quanto aos homens: eles passam a ter sua vida sexual restrita e ainda pagam por essa condição tendo que sustentar mulher e filhos. À parte o que é moral ou imoral, é fato que o custo de uma relação sexual furtiva é muito menor para um homem do que para uma mulher."
E continua: "Eles poderiam estar saindo todo dia com uma mulher diferente, mas pelo contrário, continuam com a mesma mulher e, incrivelmente, sustentam essa mulher até depois da menopausa ou quando a relação sexual entre os dois não acontece mais. É, portanto, certo que a restrição sexual imposta pelo casamento aos homens e mulheres tem um peso biológico/fisiológico diferente para cada um deles."

A seguir, ela explica a "desvantagem econômica" dos homens. "Se o foco for econômico, contudo, não restam dúvidas de que o homem tem muito mais a perder. Mesmo nas improváveis comunidades onde o feminino é cultuado como superior, as mulheres nunca foram obrigadas a sustentar ou proteger seus parceiros sexuais como os homens têm sido, em milênios de patriarcado, obrigados a fazer com relação às esposas. Nas escassas descrições de povoados matriarcais, as mulheres conseguiam que os homens trabalhassem provendo comida e segurança porque elas eram consideradas superiores e conseguiam coagi-los - ora culturalmente, ora religiosamente. Nas sociedades patriarcais, as mulheres também conseguem que os homens trabalhem muito mais, protejam-nas e sustentem-nas sob o argumento da fragilidade ou inferioridade feminina."

"O que o movimento feminista conseguiu foi liberar os homens do dever social de sustentar as mulheres e retirar delas o direito de não trabalhar, podendo viver do sustento do marido." 
É, no mínimo, difícil se deparar com um raciocínio desses. É completamente ignorado que antigamente os casamentos não aconteciam apenas por amor e escolha do casal. Era arranjado, como uma forma de união de famílias, mantendo a mesma linhagem, mantendo os bens etc. É praticamente um discurso de "o homem tem que sustentar a esposa a vida inteira, ela não tem do que reclamar."

"Quanto mais bem remuneradas as mulheres são, menos vontade elas têm de se casarem. Um levantamento de 1982 sobre 3 mil solteiras descobriu que mulheres ganhando altos salários demonstram o desejo de continuar solteira" quase duas vezes mais do que as mulheres com baixa renda. "Quanto mais independentes as mulheres se tornam, mais desinteressante torna-se para elas o casamento", explicava Charles Westoff, demógrafo de Princeton, em um artigo do Wall Street Journal."

"Resta demonstrado que a implicância feminista com o casamento começou quando ficou mais fácil arrumar um trabalho remunerado de pouco ou moderado esforço fora de casa. Enquanto houve barbárie, fome e todo tipo de dificuldade, as mulheres queriam casar tão logo pudessem e não costumavam invejar a condição masculina."
O pior é pensar em quantas pessoas acabam defendendo esse pensamento idiota.

Os absurdos seguem na parte em que se fala sobre Divórcio. "Mesmo com abandono, com marido adúltero, com mulher rameira, com agressão ou desamor, indiferença ou violência, o divórcio é um escape, jamais uma saída triunfal. Quem se divorcia por adultério - por não conseguir mais olhar para o traidor - está feliz? Sente-se vitorioso? Considera esse divórcio uma conquista? Duvido muito. A mulher que abandona o marido para fugir com um caminhoneiro deixa-o feliz pelo divórcio? A mulher que precisa se divorciar a fim de parar de apanhar do brutamontes com quem se casou acha isso a maior conquista da sua vida? Não."

E conclui com este parágrafo: "O pesquisador russo Pitirim Sorokin também apontava para dados nesse sentido. Para ele, a crescente desintegração dos casamentos, a desistência fácil de qualquer desafio matrimonial, é resultado de uma cultura de jovens e adultos que exigem um alto padrão de vida para se sentirem satisfeitos. Ele soma "ao egoísmo inflado, incapaz de suportar os defeitos do companheiro, a uma carência de genuíno amor que tudo dá e perdoa".

O capítulo termina com mais falas sobre como o feminismo é destruidor da família, do capitalismo e da heterossexualidade. É um pouco entediante.

Feminismo: perversão e subversão – parte II

O segundo capítulo, "Inserção da mulher no universo masculino" fala sobre a Primeira Onda feminista, marcada pelo ano de 1848. O parlamentar liberal e escritor Stuart Mill assim resumiu grande parte das querelas das mulheres de sua época: "A reivindicação das mulheres em serem uniformemente educadas como os homens, nos mesmos ramos de conhecimentos, está crescendo intensamente e com grande perspectiva de sucesso, enquanto a exigência por sua aceitação em profissões e ocupações até aqui negadas a elas fica mais urgente a cada ano [ ... ] embora não existam neste país [Inglaterra], como existem nos Estados Unidos, convenções periódicas e um partido organizado para promover os direitos das mulheres, existem várias sociedades ativas organizadas e gerenciadas por mulheres, a fim de obter o direito ao voto. O mesmo está acontecendo na França, Itália, Suíça e Rússia."

Durante a primeira onda, as mulheres tiveram o direito ao voto reconhecido e começaram a atuar gradualmente em empregos fora do lar. Em "Dinheiro, propriedade e herança", Ana Caroline defende como os homens tinham que sustentar as mulheres e a família com o que recebiam de herança, pois os bens e herança eram passados apenas aos filhos homens. 
"É preciso reconhecer, contudo, que mesmo sem acesso direto à herança, as mulheres eram assistidas por algum homem da família que dispusesse desses bens. Com esses bens, sustentavam eles mulheres e filhos; então, de alguma forma, pode-se dizer que havia sempre mulheres vivendo às custas dos homens."

A seguir, na parte "A mulher nos universos masculinos de exploração (mercado de trabalho) e repressão (poder estatal)", Ana disserta que as mulheres foram inseridas no mercado de trabalho por uma transformação social sem premeditação, e não por uma luta organizada de um movimento. Nos empregos pesados e perigosos, as mulheres foram introduzidas pela fome, pela necessidade ou pela guerra.
Isso é novidade para alguém? O trabalho sempre foi uma necessidade social, é mais que natural que mulheres também passassem a ocupar estes espaços, e a reivindicarem condições justas e menos precárias no ambiente de trabalho.

Passamos para a parte "Inauguração do Women's Movement nos EUA (1848)", onde a autora fala sobre a questão do sufrágio e as lutas por igualdade civil. A partir da década de 1830, levantaram-se vários movimentos reformistas e antiescravagistas que acenderam o interesse e a participação política de muitas mulheres na Europa e nas Américas.
Ana aqui relata que uma reunião pelos direitos que aconteceu em 19 e 20 de julho de 1848, em Seneca Falis, Nova York, nos Estados Unidos foi em uma igreja, pois outros locais seriam pouco receptivos. 
"E se, hoje, os movimentos feministas se ouriçam em achincalhar o cristianismo, certamente não o faziam quando viam nele o único terreno possível para as suas queixas. Em 1890, o movimento de mulheres chegou a integrar oficialmente a Associação de Temperança das Mulheres Cristãs (WCTU)."

Em "Direito ao voto" vemos que a maioria das pesquisadoras do assunto apontam para os acontecimentos de meados do séc. XIX como fundadores do feminismo, começando pela Convenção de Mulheres de 1848. "Os historiadores geralmente apontam essa convenção do século XIX como a semente para o movimento feminista. Ela é considerada o ponto de partida da primeira onda do feminismo, também conhecida como movimento sufragista ou campanha para obter o direito ao voto das mulheres."
Aqui a autora cita que existia um grande movimento de mulheres contra o sufrágio e que o direito ao voto foi mais uma concessão que uma conquista - e uma concessão que só pôde acontecer porque o voto feminino se tornara um assunto irrelevante para a política. 
"Em seu livro A Dangerous Class, Betty Stevens conta a história de vendedores de cerveja que temiam que as mulheres votassem pela proibição do álcool. Eles foram e avisaram os maridos das sufragistas para que tirassem suas esposas da campanha antes que os maridos perdessem seus empregos.", vejam só.
Ana Caroline chega a citar que em todo o Ocidente, o direito à cidadania plena através do voto estava interligado ao dever de servir ao Estado estando à disposição do exército. "Os homens sempre estiveram facilmente adaptados à ideia de servir ao país durante as guerras, mas não se pode dizer o mesmo das mulheres." Será mesmo que todo homem sempre esteve facilmente adaptado a servir ao país durante as guerras? Ou ia por imposição, pressão, medo de retaliações, vergonha das outras pessoas?
Por este raciocínio, a autora conclui que o direito ao voto não foi uma conquista ou direito das mulheres, mas um privilégio. "Ao receberem o direito ao voto sem a obrigação de alistamento, as mulheres não conquistaram direitos iguais, mas sim "direitos desiguais", o que também podemos chamar de "privilégio"."
Ana Caroline é um verdadeiro gênio. (ironia)

Passamos para "Kollontai e o feminismo socialista", onde a autora mostra uma relação entre conceitos socialistas e o feminismo, citando Alexandra Kollontai (1872-1952), uma bolchevique que participou diretamente da Revolução Russa em 1917 e era próxima do líder da revolução, Lênin. Em seu livro "A família e o comunismo", ela demonstrou estar convencida de que as mulheres só estariam realmente livres dos maridos quando passassem a depender inteiramente do Estado.

Em "Trabalhar: privilégio ou necessidade?" há uma citação assim: "Partindo da premissa de que o trabalho nunca foi considerado um direito ou privilégio, convém investigar como homens e mulheres estavam inseridos no mundo do trabalho, ou seja, no mundo do sofrimento. No início da civilização humana, a fraqueza feminina era ainda mais desesperadora do que é hoje. Praticamente sem nenhuma tecnologia, munidos apenas de pedaços de pau e pedras afiadas, os seres humanos precisavam comer, aquecer-se e sobreviver aos ataques de feras selvagens. Os homens dominavam as mulheres porque sempre foram fisicamente mais fortes e ágeis. Valendo-se de sua condição superior, os homens poderiam atirar crianças e mulheres para as garras dos carnívoros famintos. Ou, se quisessem preservar a espécie humana, atirar somente as mulheres que já amamentaram algumas crias e podiam ser dispensadas. Pelo contrário, os homens enfrentavam as feras e mantinham as fêmeas seguras em alguma caverna com fogo e alimento."
BRAVOOOOOO, BRAVOOOO! 

Nós devemos tudo as homens, afinal, como Ana Caroline diz neste trecho, "se [as mulheres] viviam um pouco além da expectativa é porque eram ativamente protegidas e porque os homens trabalhavam mais e em lugar delas."
Ela diz até mesmo que as escravas  "No geral, eram menos castigadas e menos exploradas justamente por serem mulheres."
É hilário este trecho onde a autora cita a Idade Média em que os homens "Quando voltavam vivos das batalhas, tinham tempo para declamar poemas que as virtudes femininas inspiravam."

Passando para a parte "Desigualdade no mercado de trabalho" e em "Reclamando de barriga cheia", a autora resumidamente argumenta que o movimento feminista se espalha e conquista integrantes apenas através de discursos cheios de reclamação, para fazerem as mulheres terem pena de si mesmas...
"As mulheres alcançaram em pouquíssimas décadas as facilidades trabalhistas que os homens levaram séculos ou milênios para conquistar no Ocidente. Quando as mulheres chegaram ao tão sonhado "mercado de trabalho", ele já era um mercado de trabalho e não mais de escravos. Os primeiros empregos que as mulheres dos anos 1920 conseguiram eram infinitamente mais dignos e seguros do que as atividades a que a maioria dos homens estiveram sujeitos por milênios. Enquanto os homens trabalhavam como cavalos por mínimas condições de sobrevivência deles e de suas famílias, nenhum coletivo de mulheres desejava tomar-lhes o lugar. Os homens melhoraram as condições de trabalho de tal maneira que as mulheres começaram a querer fazer parte dele." Novamente, uma salva de palmas para os homens heróis, guerreiros.

E continua, "Em 1950, 80% dos homens fazia parte da população economicamente ativa. Esse número caiu para 67% na última década. Além disso, com menos esforço e um histórico menos aguerrido, as mulheres alcançaram rapidamente todas as vantagens trabalhistas pelas quais os homens lutaram."

Vemos mais absurdos neste trecho: "Ou seja, existe uma explicação para a disparidade na presença de homens e mulheres entre os altos cargos. Estatisticamente, a maioria das mulheres não leva a vida exigida para se chegar aos cargos mais bem remunerados ou de maior influência. Além disso, as mulheres costumam dedicar menos tempo que os homens para atividades produtivas e remuneradas, e muitas vezes o fazem por opção."

"O bem-estar da família e a complementaridade de papéis", trata basicamente de relacionamento e pressupõe que "em um casamento harmônico e feliz, deixar o lar para ingressar no mundo profissional pode não ser a escolha mais inteligente".
A autora cita um artigo do diretor-executivo da revista Forbes, Michael Noer, sobre os riscos de entrar em um casamento com uma mulher carreirista. Noer admitia que mães e esposas que trabalham podem ser muito felizes no casamento, mas ressaltava que, segundo pesquisas, elas têm menos chance de que isso aconteça do que mulheres que não trabalham fora de casa. Isso, consequentemente, significa que a chance de divórcio aumenta se você for um homem casado com alguma dessas mulheres.
"Ele escreveu: Uma palavra de conselho. Casem-se com mulheres bonitas ou feias. Baixas ou altas. Loiras ou morenas. Apenas, faça o que fizer, não se case com uma mulher carreirista [ ... ] embora todos saibam que o casamento pode ser estressante, estudos recentes descobriram que mulheres profissionais são mais propensas a se divorciar, mais propensas a trair, menos propensas a ter filhos e, se têm filhos, são mais propensas a ficarem infelizes com isso. Um estudo recente no Social Forces, uma revista de pesquisa, descobriu que as mulheres - mesmo aquelas com uma perspectiva "feminista" - são mais felizes quando o marido é o principal provedor da família."
Acredito que devemos acrescentar então para os homens não se casarem também com atletas, pois passarão muitas horas treinando, viajando para campeonatos etc. Não se casem com mulheres acadêmicas, pois ficarão muitas horas estudando, lendo, escrevendo suas teses, assistindo e dando aulas e tudo o mais, enfim, só se case com uma mulher que se dedique apenas ao casamento e ao lar, pelo bem da felicidade de vocês. Acho que a autora, Ana Caroline Campagnolo concordará com esse acréscimo.
"Noer citou estatísticas preocupantes: as casas dos casais onde ambos são carreiristas são mais sujas (Instituto de Pesquisa Social), as mulheres carreiristas tendem a ficar infelizes se precisarem deixar tudo para cuidar dos filhos Journal of Marriage and Family, 2003) ou mesmo se ganharem salários maiores que o do cônjuge (Social Force, 2006). Os maridos dessas mulheres, por sua vez, também ficam mais infelizes com a inferioridade de seus salários Journal of Marriage and Family, 2001) e ficam mais propensos a adoecer (American Journal of Sociology)."

Em seguida, na parte "Casa privada versus casa pública", a autora cita Chesterton para mostrar a importância da dedicação à vida no lar em família. "Quando as pessoas começam a falar dessa função doméstica não mais como algo somente difícil, mas atribuem-lhe os rótulos "trivial" e "monótona", então eu simplesmente desisto de discutir. Pois por mais que empenhe toda energia da imaginação, não consigo entender [...] como é que ensinar a regra de três para as crianças dos outros pode ser uma grande e ampla profissão e ensinar suas próprias crianças a respeito do universo [sobre tudo que existe], uma profissão restrita? Como é que ser a mesma coisa [professora] para todos pode ser grandioso, e ser tudo [mãe, professora, cozinheira, enfermeira, etc.] para alguém, algo limitado? Não pode ser. A função de uma mulher é trabalhosa, mas porque tem uma amplitude colossal e não porque tenha um alcance diminuto." (G.K. Chesrerton, O que há de errado com o mundo. Campinas: Ecclesiae, 2013)

Temos mais um parágrafo chocante com o trecho: "Julgando a superioridade física masculina atestada em milênios, é de admirar que os homens não tenham feito na vida real o que as lendárias amazonas só puderam fazer na mitologia. Eles poderiam ter escravizado as mulheres nos trabalhos mais indignos e vazios de sentido, poderiam ter enchido o mundo de fábricas análogas às de alfinete. Do contrário, historicamente, observando a fraqueza e as difi­culdadcs femininas, os homens buscaram abrandar a angústia das mulheres. Percebendo que as mulheres tinham um domínio (principalmente físico) limitado sobre a vastidão do mundo, os homens lhes criaram um mundo menor onde tudo está ao seu alcance e a sua disposição: o lar. Não se exige grande força física nem longas corridas para trabalhar em casa. Os filhos exigem muito, mas geralmente não são mais perigosos do que uma mina de carvão ou uma fábrica de pneus. O lar sempre foi o lugar onde as mulheres imperam, mandam e controlam com facilidade e mais destreza do que os homens."
QUE LINDOOOOOOOOOOOO!!
Me pergunto então porque a autora não segue o que é defendido aqui, já que ela é deputada estadual de Santa Catarina. É casada e tem uma filha, não é hora então de se dedicar totalmente a isso? Ou vai disputar a reeleição?

A autora conclui aqui o capítulo, confira um trecho: "Diferentemente do que se supõe, demonstrei que as mulheres sempre trabalharam menos do que os homens e mesmo assim conseguiram sobreviver e prosperar. Demonstrei que as mulheres, ao longo da história, receberam dos homens casa, comida, alimentação e inúmeros favores. Amiúde, mecanismos sociais foram criados para fazer com que os homens sustentassem e protegessem as mulheres e o fizessem com senso de dever. Apre­sentei dados que revelam que até mesmo as conquistas políticas foram concessões masculinas, especialmente no tocante ao sufrágio universal." 
Mais blablabla.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Feminismo: perversão e subversão – Ana Caroline Campagnolo

Neste livro, Ana Caroline Campagnolo traz um histórico e informações sobre o movimento feminista, resultado de sua pesquisa no assunto, entretanto, apesar da densidade que o tema pede, a leitura é clara e objetiva. A autora tem uma abordagem ofensiva, no sentido de atacar o movimento, mas com pouco esforço é possível perceber que, as informações trazidas para refutar e condenar o feminismo são fracas e nada convincentes.

Campagnolo faz a linha do tempo do feminismo mostrando as diferentes ondas do movimento em ordem cronológica. No início do movimento, o protofeminismo destacando Mary Wollstonecraft com o documento fundador do feminismo no ano de 1792 com a obra “Reinvindicação dos direitos das mulheres”.  Teóricos do assunto tendem a colocá-la como divisora de águas entre as feministas e as protofeministas e, por isso, foi escolhida como marco inicial dessa primeira etapa histórica indispensável para compreender a trajetória desse movimento.
A autora traz na parte "
Contestação moral-religiosa e educação pública: germes do feminismo" que a preocupação principal de Mary dizia respeito à restrição da educação formal feminina. O raciocínio da autora é de que "Diferentemente destas (as feministas), aquela (Mary Wollstonecraft) não desprezava - ao menos teoricamente - as virtudes cristãs da castidade, da modéstia e da temperança", como que dizendo que no início, esta "primeira autora feminista" não defendia a libertinagem e a promiscuidade, como muitos acreditam que o feminismo faz.

Em seguida, em "O perfil das mulheres do Setecentos: privilegiadas, não oprimidas", ela traz alguns escritos que defendem que as mulheres sempre foram poupadas e privilegiadas de viverem, trabalharem em ambientes hostis, violentos, brutos. "Todos os períodos históricos narrados demonstram a tese do autor de que, quando existe um equilíbrio demográfico ou uma proporção normal, a numérica existência feminina é "resultado de os homens proporcionarem às mulheres as amenidades da vida civilizada". Até porque, em condições mais bárbaras, as mulheres acabam morrendo primeiro. Se elas vivem mais hoje é porque muita facilidade foi erguida sobre os ombros de escavadores, mineradores e construtores homens."
Como se o fato de os homens serem maioria nessas funções fosse apenas pelo motivo de privilegiar e proteger as mulheres. Sério, é esse o nível de raciocínio neste livro.

Ainda nesta parte, a autora cita a "queixa" de Mary Wotlstonecraft de que a vida das mulheres (aqui nobres e burguesas) tinham uma vida muito fácil, monótona, entediante. "Muitas mulheres proletárias, que trabalham dura e incansavelmente, desejariam ter a vida da mulher burguesa, sustentada pelo marido e cercada de confortos e poucas responsabilidades. Já as mulheres burguesas tiram de algum lugar a sensação de que deveriam fazer de suas vidas algo mais produtivo, ingressando no mercado de trabalho - obviamente, não no mesmo trabalho das mulheres proletárias." 
Ela conclui dizendo que para Mary, "a questão central é: os homens estão mimando tanto essas mulheres que elas não têm interesse nenhum pelos filósofos iluministas ou pelo exercício da razão, tornaram-se fúteis e até amantes andam por arrumar. Basicamente, o grito da suposta primeira feminista foi: "É muita moleza pra essas dondocas!", querendo dizer que a vida dessas mulheres casadas (nobres e burguesas, vamos lembrar) era uma maravilha, pois seus maridos davam do bom e do melhor.

A seguir, em "Combate à libertinagem sexual e elogio à modéstia", apenas se trata de Mary ser uma defensora do casamento monogâmico como o mais vantajoso para a situação da mulher como mãe e companheira de um homem. Ainda insistindo no discurso de que as feministas incentivam a vida sexual desregrada e relacionam os conceitos de liberdade e independência com a promiscuidade e a satisfação dos instintos.

Em "O papel essencial da mulher é ser mãe", Ana mostra que "Wollstonecraft jamais negou o dever feminino para com a prole (nem o dever masculino, com a ressalva de que diferiam em forma e função)."
"
Mary Wollstonecraft, por sua vez, não percebe os afazeres domésticos como sinal de inferioridade nem considera a esposa e mãe inferior à mulher intelectual; pelo contrário, condena as mulheres que cumprem seus deveres naturais com desleixo."
Essa parte termina com a autora dizendo que, o
 que quase na totalidade das casos conduziu as feministas mais afamadas a perderem todas as esperanças acerca da família foi a experiência pontual de suas casas esvaziadas de amor e entupidas de violência, "como é o caso bem conhecido de Virgínia Woolf, Betty Friedan e Gloria Steinem." 

A seguir, a parte "A educação pública como instrumento de transformação social" mostra que Wollstonecraft defendia a "escolarização universal" e a escola como meio de reengenharia social. "Acreditavam que a ciência, a liberdade política e a democratização do ensino poderiam resolver os problemas sociais e encaminhar a humanidade para uma era harmônica e mais feliz."
Mas, para Ana Caroline, p
elo contrário, quanto mais se expandiu o acesso à instrução formal, mais as mulheres (e homens) se tornaram libertinas. imorais, pouco virtuosos e abortistas. "Esse conjunto de imoralidades que a mulher de hoje coleciona é exatamente o oposto do que Wollstonecraft defendia e esperava como consequência da universalização do ensino."

A melhor parte é em "A fraude da educação mista igualitária", onde Ana Caroline diz que "a educação pública e mista como a conhecemos jamais cumpriu suas promessas de progresso e igualdade. Estudar mais ou estudar com os meninos não mudou a essência feminina quanto às preferências de trabalho e pesquisa." 
Como argumentos, Ana Caroline começa na Antiguidade. "A instrução pública obrigatória era realidade em Esparta, por exemplo, e lá a finalidade era militar e o método, violento. Frequentar uma escola pode ser muito atrativo às meninas de hoje, mas não o era quando os mestres podiam punir fisicamente os alunos, humilhá-los com naturalidade ou incluir "fome e frio no currículo. Nesses tempos de sombria educação, as meninas eram, na pior das hipóteses, privilegiadas e, na melhor delas, totalmente poupadas." 
Ela continua dizendo: "Com a inserção feminina nos centros educacionais foi que os ambientes se tornaram mais amenos. Justamente por causa das moças é que as coisas tendem a se tornar mais tranquilas: para não causar muitos traumas. Essa é uma condição de indiscutível privilégio."
Veja, de novo, o nível de raciocício de Ana Caroline: "Outrols exemplos deixam o cenário mais claro: durante muito tempo, a passagem das moças pelos cursos de ciências e matemática foi facilitada na América do Norte. Quando, finalmente, no início do século XX, os centros de ensino resolveram igualar o grau de dificuldade independente do sexo - igualdade é isso, não é? - as moças começaram a abandonar esses cursos. Uma tabela comparativa apresentada pelos pesquisadores Tyack e Hansot em uma investigação sobre a educação nas escolas públicas americanas demonstraram que, em 1916, os homens voltaram a ser maioria na área em questão: eles eram 93% dos formados em cursos científicos (p.ex.: exatas). Em 1928, menos de 1% das mulheres escolhia esse mesmo curso."
Como se o motivo desses números fosse APENAS de que as mulheres acham essas áreas difíceis e não se interessam! Sério?!

"As mulheres escolhem humanidades e ciências sociais porque essas áreas são, em princípio, consideradas fáceis. Conforme a dificuldade aumenta, com freqüência elas desistem, se não durante o curso, mais tarde ao tentar prosseguir na vida acadêmica. As restantes tendem a entrar em guetos femininos, como faculdades comunitárias, estudos de gênero e outros departamentos em que as mulheres são maioria entre os funcionários e os alunos [ ... ]. A incapacidade ou a falta de disposição das mulheres de competir com os homens pode explicar por que, mesmo nas cinco faculdades norte americanas totalmente femininas, a maioria dos professores é do sexo masculino."

O blábláblá continua: "é preciso reconhecer os fatos que sinalizam as diferenças de tendência e preferência entre homens e mulheres também no campo educacional. E igualmente indispensável admitir que as meninas jamais foram submetidas à mesma rigidez educacional dos rapazes especificamente porque eram protegidas e privilegiadas e não "oprimidas"."
E Ana Caroline termina esta parte com alguns dados defendendo escolas single-sex, exclusivas para meninos ou exclusivas para meninas, ou que tem turmas separadas por sexo. E ela ainda induz que as mulheres se vitimizam quando são minoria em algum curso ou área do conhecimento e se vangloriam quando estão com alguma vantagem. 

O primeiro capítulo continua com a parte "Os interesses e o comportamento distinto dos sexos são consequências da educação: raízes da ideologia de gênero". Em resumo, aqui Ana Caroline quer mostrar as tendências naturais das mulheres.
"Mary não suportava a futilidade feminina. Ela acreditava que se houvesse drástica mudança no que se exige das mulheres no plano educacional, então, poderíamos saber com clareza quais são as tendências naturais da mulher e quais lhes são impostas.
Essa hipótese foi desbancada. Com o advento do séc. XXI, o que podemos notar é que, depois de tantas revoluções sociais, depois de tantos direitos conquistados e de tanto pareamento educacional e legal, as mulheres continuam investindo no que Mary chamava de "perda de tempo".
Aqui, Ana Caroline traz dados sobre o quanto as mulheres gastam com produtos de beleza, cabelereiro roupas, calçados etc, o quanto o número de cirurgias plásticas cresceu muito nos últimos anos, como se o motivo fosse APENAS o gosto das mulheres por essas coisas.
É completamente ignorado o número de propagandas, campanhas publicitárias que levam em conta um padrão estético inatingível e a pressão para as mulheres estarem dentro de uma imagem exigida pela sociedade, que deve estar sempre arrumada, com determinadas roupas, maquiagem, unhas feitas, um corpo "em forma".

Aqui se encerra o primeiro capítulo. Depois continuo o post comentando o conteúdo dos próximos capítulos.