O segundo capítulo, "Inserção da mulher no universo masculino" fala sobre a Primeira Onda feminista, marcada pelo ano de 1848. O parlamentar liberal e escritor Stuart Mill assim resumiu grande parte das querelas das mulheres de sua época: "A reivindicação das mulheres em serem uniformemente educadas como os homens, nos mesmos ramos de conhecimentos, está crescendo intensamente e com grande perspectiva de sucesso, enquanto a exigência por sua aceitação em profissões e ocupações até aqui negadas a elas fica mais urgente a cada ano [ ... ] embora não existam neste país [Inglaterra], como existem nos Estados Unidos, convenções periódicas e um partido organizado para promover os direitos das mulheres, existem várias sociedades ativas organizadas e gerenciadas por mulheres, a fim de obter o direito ao voto. O mesmo está acontecendo na França, Itália, Suíça e Rússia."
Durante a primeira onda, as
mulheres tiveram o direito ao voto reconhecido e começaram a
atuar gradualmente em empregos fora do lar. Em "Dinheiro, propriedade e herança", Ana Caroline defende como os homens tinham que sustentar as mulheres e a família com o que recebiam de herança, pois os bens e herança eram passados apenas aos filhos homens.
"É preciso
reconhecer, contudo, que mesmo sem acesso direto à herança,
as mulheres eram assistidas por algum homem da família que
dispusesse desses bens. Com esses bens, sustentavam eles mulheres e filhos; então, de alguma forma, pode-se dizer que havia
sempre mulheres vivendo às custas dos homens."
A seguir, na parte "A mulher nos universos masculinos de exploração
(mercado de trabalho) e repressão (poder estatal)", Ana disserta que as mulheres foram inseridas no mercado de
trabalho por uma transformação social sem premeditação, e não
por uma luta organizada de um movimento. Nos empregos
pesados e perigosos, as mulheres foram introduzidas pela fome,
pela necessidade ou pela guerra.
Isso é novidade para alguém? O trabalho sempre foi uma necessidade social, é mais que natural que mulheres também passassem a ocupar estes espaços, e a reivindicarem condições justas e menos precárias no ambiente de trabalho.
Passamos para a parte "Inauguração do Women's Movement nos EUA (1848)", onde a autora fala sobre a questão do sufrágio e as lutas por igualdade civil. A partir da década de 1830, levantaram-se vários movimentos reformistas e antiescravagistas que acenderam o interesse e a
participação política de muitas mulheres na Europa e nas Américas.
Ana aqui relata que uma reunião pelos direitos que aconteceu em 19 e 20 de julho de 1848,
em Seneca Falis, Nova York, nos Estados Unidos foi em uma igreja, pois outros locais seriam pouco receptivos.
"E se, hoje, os movimentos feministas se ouriçam em achincalhar o cristianismo,
certamente não o faziam quando viam nele o único terreno possível para as suas queixas. Em 1890, o movimento de mulheres
chegou a integrar oficialmente a Associação de Temperança das
Mulheres Cristãs (WCTU)."
Em "Direito ao voto" vemos que a maioria
das pesquisadoras do assunto apontam para os acontecimentos
de meados do séc. XIX como fundadores do feminismo, começando pela Convenção de Mulheres de 1848. "Os historiadores geralmente apontam essa convenção do
século XIX como a semente para o movimento feminista.
Ela é considerada o ponto de partida da primeira onda do
feminismo, também conhecida como movimento sufragista
ou campanha para obter o direito ao voto das mulheres."
Aqui a autora cita que existia um grande movimento de mulheres contra o sufrágio e que o
direito ao voto foi mais uma concessão que uma conquista - e
uma concessão que só pôde acontecer porque o voto feminino
se tornara um assunto irrelevante para a política.
"Em seu livro A Dangerous Class, Betty Stevens conta a
história de vendedores de cerveja que temiam que as mulheres
votassem pela proibição do álcool. Eles foram e avisaram os
maridos das sufragistas para que tirassem suas esposas da
campanha antes que os maridos perdessem seus empregos.", vejam só.
Ana Caroline chega a citar que em todo o Ocidente, o direito à cidadania plena através do voto estava interligado ao dever de servir ao Estado estando à disposição do exército. "Os homens sempre estiveram facilmente adaptados à
ideia de servir ao país durante as guerras, mas não se pode dizer o mesmo das mulheres." Será mesmo que todo homem sempre esteve facilmente adaptado a servir ao país durante as guerras? Ou ia por imposição, pressão, medo de retaliações, vergonha das outras pessoas?
Por este raciocínio, a autora conclui que o direito ao voto não foi uma conquista ou direito das mulheres, mas um privilégio. "Ao receberem o direito ao voto sem a obrigação de alistamento, as mulheres não conquistaram direitos iguais, mas sim
"direitos desiguais", o que também podemos chamar de "privilégio"."
Ana Caroline é um verdadeiro gênio. (ironia)
Passamos para "Kollontai e o feminismo socialista", onde a autora mostra uma relação entre conceitos socialistas e o feminismo, citando Alexandra Kollontai (1872-1952), uma bolchevique que participou diretamente da Revolução Russa em 1917 e era próxima do líder da revolução, Lênin. Em seu livro "A família e o comunismo", ela demonstrou estar convencida de que as mulheres só estariam realmente livres dos maridos quando passassem a depender inteiramente do Estado.
Em "Trabalhar: privilégio ou necessidade?" há uma citação assim: "Partindo da premissa de que o trabalho nunca foi considerado um direito ou privilégio, convém investigar como homens
e mulheres estavam inseridos no mundo do trabalho, ou seja,
no mundo do sofrimento. No início da civilização humana, a
fraqueza feminina era ainda mais desesperadora do que é hoje. Praticamente sem nenhuma tecnologia, munidos apenas de pedaços de pau e pedras afiadas, os seres humanos precisavam
comer, aquecer-se e sobreviver aos ataques de feras selvagens. Os homens dominavam as mulheres porque sempre foram fisicamente mais fortes e ágeis. Valendo-se de sua condição superior, os homens poderiam atirar crianças e mulheres para as garras dos carnívoros famintos. Ou, se quisessem preservar a espécie humana, atirar somente as mulheres que já amamentaram algumas crias e podiam ser dispensadas. Pelo contrário, os
homens enfrentavam as feras e mantinham as fêmeas seguras
em alguma caverna com fogo e alimento."
BRAVOOOOOO, BRAVOOOO!
Nós devemos tudo as homens, afinal, como Ana Caroline diz neste trecho, "se [as mulheres] viviam um pouco além da expectativa é porque eram
ativamente protegidas e porque os homens trabalhavam mais e
em lugar delas."
Ela diz até mesmo que as escravas "No geral, eram menos castigadas e menos exploradas justamente por serem mulheres."
É hilário este trecho onde a autora cita a Idade Média em que os homens "Quando voltavam
vivos das batalhas, tinham tempo para declamar poemas que
as virtudes femininas inspiravam."
Passando para a parte "Desigualdade no mercado de trabalho" e em "Reclamando de barriga cheia", a autora resumidamente argumenta que o movimento feminista se espalha e conquista integrantes apenas através de discursos cheios de reclamação, para fazerem as mulheres terem pena de si mesmas...
"As mulheres alcançaram em pouquíssimas décadas as facilidades trabalhistas que os homens levaram séculos ou milênios
para conquistar no Ocidente. Quando as mulheres chegaram ao
tão sonhado "mercado de trabalho", ele já era um mercado de
trabalho e não mais de escravos. Os primeiros empregos que
as mulheres dos anos 1920 conseguiram eram infinitamente
mais dignos e seguros do que as atividades a que a maioria
dos homens estiveram sujeitos por milênios. Enquanto os homens trabalhavam como cavalos por mínimas condições de
sobrevivência deles e de suas famílias, nenhum coletivo de mulheres desejava tomar-lhes o lugar. Os homens melhoraram as
condições de trabalho de tal maneira que as mulheres começaram a querer fazer parte dele." Novamente, uma salva de palmas para os homens heróis, guerreiros.
E continua, "Em 1950, 80% dos homens fazia parte da população economicamente ativa. Esse número caiu para 67% na última década. Além disso, com menos esforço e um histórico menos aguerrido, as mulheres alcançaram rapidamente todas as vantagens trabalhistas pelas quais os homens lutaram."
Vemos mais absurdos neste trecho: "Ou seja, existe uma explicação para a disparidade na presença de homens e mulheres entre os altos cargos. Estatisticamente, a maioria das mulheres não leva a vida exigida para se chegar aos cargos mais bem remunerados ou de maior influência. Além disso, as mulheres costumam dedicar menos tempo que os homens para atividades produtivas e remuneradas, e muitas vezes o fazem por opção."
"O bem-estar da família
e a complementaridade de papéis", trata basicamente de relacionamento e pressupõe que "em um casamento harmônico e feliz, deixar o lar para ingressar no mundo
profissional pode não ser a escolha mais inteligente".
A autora cita um artigo do diretor-executivo da revista Forbes,
Michael Noer, sobre os riscos de entrar em um casamento com uma mulher carreirista. Noer
admitia que mães e esposas que trabalham podem ser muito
felizes no casamento, mas ressaltava que, segundo pesquisas,
elas têm menos chance de que isso aconteça do que mulheres
que não trabalham fora de casa. Isso, consequentemente, significa que a chance de divórcio aumenta se você for um homem casado com alguma dessas mulheres.
"Ele escreveu:
Uma palavra de conselho. Casem-se com mulheres bonitas
ou feias. Baixas ou altas. Loiras ou morenas. Apenas, faça
o que fizer, não se case com uma mulher carreirista [ ... ] embora todos saibam que o casamento pode ser estressante,
estudos recentes descobriram que mulheres profissionais são
mais propensas a se divorciar, mais propensas a trair, menos
propensas a ter filhos e, se têm filhos, são mais propensas a
ficarem infelizes com isso. Um estudo recente no Social Forces,
uma revista de pesquisa, descobriu que as mulheres - mesmo
aquelas com uma perspectiva "feminista" - são mais felizes
quando o marido é o principal provedor da família."
Acredito que devemos acrescentar então para os homens não se casarem também com atletas, pois passarão muitas horas treinando, viajando para campeonatos etc. Não se casem com mulheres acadêmicas, pois ficarão muitas horas estudando, lendo, escrevendo suas teses, assistindo e dando aulas e tudo o mais, enfim, só se case com uma mulher que se dedique apenas ao casamento e ao lar, pelo bem da felicidade de vocês. Acho que a autora, Ana Caroline Campagnolo concordará com esse acréscimo.
"Noer citou estatísticas preocupantes: as casas dos casais
onde ambos são carreiristas são mais sujas (Instituto de Pesquisa
Social), as mulheres carreiristas tendem a ficar infelizes se precisarem deixar tudo para cuidar dos filhos Journal of Marriage
and Family, 2003) ou mesmo se ganharem salários maiores que
o do cônjuge (Social Force, 2006). Os maridos dessas mulheres,
por sua vez, também ficam mais infelizes com a inferioridade
de seus salários Journal of Marriage and Family, 2001) e ficam
mais propensos a adoecer (American Journal of Sociology)."
Em seguida, na parte "Casa privada versus casa pública", a autora cita Chesterton para mostrar a importância da dedicação à vida no lar em família. "Quando as pessoas começam a falar dessa função doméstica não mais como algo somente difícil, mas atribuem-lhe os rótulos "trivial" e "monótona", então eu simplesmente desisto de discutir. Pois por mais que empenhe toda energia da imaginação, não consigo entender [...] como é que ensinar a regra de três para as crianças dos outros pode ser uma grande e ampla profissão e ensinar suas próprias crianças a respeito do universo [sobre tudo que existe], uma profissão restrita? Como é que ser a mesma coisa [professora] para todos pode ser grandioso, e ser tudo [mãe, professora, cozinheira, enfermeira, etc.] para alguém, algo limitado? Não pode ser. A função de uma mulher é trabalhosa, mas porque tem uma amplitude colossal e não porque tenha um alcance diminuto." (G.K. Chesrerton, O que há de errado com o mundo. Campinas: Ecclesiae, 2013)
Temos mais um parágrafo chocante com o trecho: "Julgando a superioridade física masculina atestada em milênios, é de admirar que os homens não tenham feito na vida real o que as lendárias amazonas só puderam fazer na mitologia. Eles poderiam ter escravizado as mulheres nos trabalhos mais indignos e vazios de sentido, poderiam ter enchido o mundo de fábricas análogas às de alfinete. Do contrário, historicamente, observando a fraqueza e as dificuldadcs femininas, os homens buscaram abrandar a angústia
das mulheres. Percebendo que as mulheres tinham um domínio
(principalmente físico) limitado sobre a vastidão do mundo, os
homens lhes criaram um mundo menor onde tudo está ao seu
alcance e a sua disposição: o lar. Não se exige grande força física nem longas corridas para trabalhar em casa. Os filhos exigem muito, mas geralmente não são mais perigosos do que
uma mina de carvão ou uma fábrica de pneus. O lar sempre foi
o lugar onde as mulheres imperam, mandam e controlam com facilidade e mais destreza do que os homens."
QUE LINDOOOOOOOOOOOO!!
Me pergunto então porque a autora não segue o que é defendido aqui, já que ela é deputada estadual de Santa Catarina. É casada e tem uma filha, não é hora então de se dedicar totalmente a isso? Ou vai disputar a reeleição?
A autora conclui aqui o capítulo, confira um trecho: "Diferentemente do que se supõe, demonstrei que as mulheres sempre trabalharam menos do que os homens e mesmo assim conseguiram sobreviver e prosperar. Demonstrei que as mulheres, ao longo da história, receberam dos homens casa, comida,
alimentação e inúmeros favores. Amiúde, mecanismos sociais foram criados para fazer com que os homens sustentassem e
protegessem as mulheres e o fizessem com senso de dever. Apresentei dados que revelam que até mesmo as conquistas políticas
foram concessões masculinas, especialmente no tocante ao sufrágio universal."
Mais blablabla.
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