O quarto capítulo, "Subversão das identidades" fala sobre a terceira onda feminista.
Diz a autora: "Tenho tentado demonstrar que o movimento feminista não
representa nem se interessa pela condição das mulheres, apenas se vale dessa propaganda para alcançar sua real intenção:
instaurar uma revolução sexual que subverta os sexos e o sexo.
A teoria de gênero estruturada por Judith Butler deixa isso claro. Ela não tem problemas em admitir seu caráter subversivo e
isso nos coloca, portanto, outro dilema: será que as mulheres
sabem disso?"
Daqui então segue falando da "Ideologia de Gênero". Faço uma pausa aqui para explicar o que ela seria.
O conceito de gênero é presente no movimento feminista desde os anos 1970 e é entendido não como sexo biológico, mas como as construções sociais baseadas nos sexos biológicos.
Por muito tempo pregou-se que os homens eram superiores às mulheres por características biológicas. Essas características não se referiam apenas à força física, por exemplo, mas também afirmavam que homens eram mais inteligentes e éticos. O conceito de gênero então surgiu para contestar isso.
“Gênero” não é uma palavra mais bonita para se referir ao sexo biológico, mas um termo que vê essa desigualdade na percepção das capacidades de homens e mulheres como algo socialmente construído.
Ao se falar em “questão de gênero”, por exemplo, faz-se referência às atividades culturalmente atribuídas às mulheres – como cuidar da casa e dos filhos – e aos homens – como sustentar financeiramente a família. As teorias feministas explicam que essas ideias são construídas com base nos costumes, não nas capacidades biológicas. Afinal, um homem não é fisicamente incapaz de limpar a casa e nem uma mulher é fisicamente incapaz de trabalhar como engenheira e sustentar financeiramente sua família.
O fato de as expectativas sobre os “papéis” atribuídos a homens e mulheres cisgêneros serem diferentes ao redor do mundo, mudando de cultura para cultura, reforça a teoria feminista de que essas expectativas são construídas socialmente.
Acredita-se que o termo “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez em 1998, em uma nota emitida pela Conferência Episcopal do Peru intitulada “Ideologia de gênero: seus perigos e alcances”. O evento nacional que reúne bispos de todo o país é uma tradição da Igreja Católica no mundo inteiro.
Desde seu surgimento, a expressão “ideologia de gênero” carrega um sentido pejorativo (negativo, ofensivo). Por meio dela, setores mais conservadores da sociedade protestam contra atividades que buscam falar sobre a questão de gênero e assuntos relacionados – como sexualidade – nas escolas. As pessoas que concordam com o sentido negativo empregado no termo “ideologia de gênero” geralmente temem que, ao falar sobre as questões mencionadas, a escola vá contra os valores da família.
Dentre esses valores está o medo de que o debate menospreze crenças familiares e gere intolerância religiosa, tanto por parte dos professores quanto de outros colegas. Outro medo é que a ideologia de gênero induza crianças a serem homossexuais ou transexuais. Geralmente tais grupos também discordam da teoria que aponta gênero como sendo socialmente construído e acreditam que o sexo biológico define tanto o gênero quanto a sexualidade da pessoa. Consequentemente, entende-se que a heterossexualidade é o “natural”.
A autora começa o capítulo citando Judith Butler, que em 2017 veio para o Brasil participar de um evento sobre democracia e não foi muito bem recebida por alguns cidadãos. A filósofa e professora da Universidade da Califórnia Judith Butler é referência nos estudos de gênero e sexualidade e, por isso, cerca de 320 mil pessoas que são contra a chamada ideologia de gênero assinaram uma petição online demonstrando-se desfavoráveis à presença da filósofa no país. Outras centenas de pessoas foram ao aeroporto de Congonhas tanto para hostilizar quando para apoiar a chegada da professora.
O Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual (NEU) da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) realizou uma pesquisa com os grupos que estavam presentes no aeroporto. Um dos levantamentos feitos pelos pesquisadores consistia em perguntar às pessoas que carregavam cartazes com frases “não à ideologia de gênero” e afins o que elas queriam dizer. Algumas das respostas foram:
“A ideologia de gênero transmite conceitos totalmente contrários à biologia e à ordem natural das coisas.”
“Eles [defensores da teoria de gênero] querem tirar a autoridade dos pais.”
“Querem acabar com a família tradicional e passar a ideia de que a homossexualidade é cool [descolada], moderna e que a maioria é homossexual. Isso não é verdade.”
Para a coordenadora do NEU, Isabela Oliveira Pereira da Silva, os opositores à Judith Butler compartilham uma “ideia geral de que ideologia de gênero significa ensinar as crianças a ser gays”. Ela ainda destacou que “não existe uma aula desse tipo. Nunca ninguém fez algo parecido com isso”.
A filósofa Judith Butler, após sua visita, escreveu um artigo publicado na Folha de S. Paulo buscando desmentir opiniões populares erradas sobre os estudos da questão de gênero – ou ideologia de gênero, como nomeiam os críticos. Além disso, a pensadora expôs a percepção de que “desde o começo, a oposição à [sua] presença no Brasil esteve envolta em fantasia”.
Quanto à desinformação sobre estudos de gênero – que tendem a levar ao mencionado “pânico moral” –, a Profª Drª Maria Eulina Pessoa de Carvalho, da Universidade Federal da Paraíba (UFPb), busca desmentir algumas dessas visões. A professora ressalta que os estudos sobre a questão de gênero não buscam diminuir ou rechaçar religiões e pessoas religiosas. Ela destaca que ao reconhecer a diversidade de famílias, não se nega a família tradicional e heterossexual. Carvalho ainda cita a Declaração da Diversidade Cultural da UNESCO, de 2001, para reforçar sua visão que dá importâncias às diversidades e liberdades religiosa e cultural.
Quanto à implementação dos estudos sobre gênero nas escolas, a professora do Departamento de Ciências Humanas e Educação (DCHE) da UFSCar, Viviane Melo de Mendonça, afirmou que:
“A educação para a diversidade não é uma doutrinação capaz de converter as pessoas à homossexualidade, como se isso fosse possível. O objetivo é criarmos condições dentro das escolas para que professores e alunos possam aprender e ensinar o convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todos.”
Dessa forma, ao tornar a escola um ambiente aberto à reflexão, com respeito às individualidades e à liberdade de expressão, seria construída uma educação “que combata discriminação e preconceitos”, principalmente quanto à violência contra a mulher e LGBTfobia.
A autora, Ana Caroline Campagnolo, esbanja discriminação ao citar até a aparência física de Judith Butler, que ela descreve como "alguém para quem se olha sem conseguir enxergar uma mulher, tampouco um homem completo."
Em seguida, ela cita Monique Witting para reforçar a ideia de um "padrão lésbico" no feminismo. "O único feminismo aceitável é aquele que prevê objetivamente a destruição de qualquer feminino que, para Monique, não passa de um mito historicamente elaborado. O feminismo mais efetivo é o mais radical, é o que chamamos de "terceira onda". Nessa onda, encontramos o lema: o lesbianismo é o único caminho para a liberdade feminista."
Avançamos então para a parte "O padrão gay e Alfred Kinsey", em que cita o autor dos livros "O comportamento sexual do macho
humano" e "O comportamento sexual da fêmea humana".
"Entre as numerosas conclusões que o autor tira de seus
formulários e pesquisas, encontra-se uma maioria esmagadora dedicada ao homossexualismo. E impossível não notar que
dedica apenas um capítulo do livro às experiências heterossexuais. Afirma que quase 40% dos homens teve, pelo menos,
uma experiência homossexual antes da velhice. Exatamente
metade dos solteiros com até cinquenta anos endossam essa fileira. Dentre os meninos pré-adolescentes, concluiu que 60%
se envolvia em práticas homossexuais. De impressões desses
dados, Kinsey construiu uma Escala da Homossexualidade, intentando demolir o padrão binário - acima se apontou que
essa pretensão foi repetida por Witting, Butler, etc. - demonstrando que convém classificarmos as relações e não as pessoas
como heterossexuais ou homossexuais."
Kinsey afirmava: "Falando em termos biológicos, não existe, na minha opinião, nenhuma relação sexual que eu considere anormal[...] O problema é que a sociedade está condicionada por normas tradicionais para fazer crer que a atividade heterossexual dentro do casamento é a única correta e sã entre as expressões sexuais [...] Levar a cabo qualquer tipo de atividade sexual é libertar-se do condicionamento cultural que a sociedade impõe, e que leva a fazer distinções entre o que é bem ou mal, entre o lícito e o ilícito, entre o normal e o anormal, entre o aceitável e o inaceitável na nossa sociedade".
Ele se dedicou em tirar a homossexualidade do catálogo patológico e afrouxar as leis e punições relacionadas aos crimes sexuais, e leis contra alguns desvios sexuais começaram a ser repensadas.
A autora em seguida passa a discursar sobre o aumento de "movimentos pró-pedofilia" no mundo.
Depois de muito blablabla e contar a história do caso de John Money o quarto capítulo acaba.
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