Neil Gaiman assina “João e Maria”, adaptação do clássico dos irmãos Grimm, publicado pela editora Intrínseca, sendo fiel ao enredo consagrado pela tradição, mas renovando a linguagem da narrativa com seu estilo único que conquistou tantos fãs pelo mundo.
Na história, escrever sobre abandono em João e Maria é escrever sobre medos básicos que qualquer criança tem. Inclusive aquela que habita adolescentes, jovens e idosos. Aliás, quanto mais a idade avança, mais o ser humano tende a valorizar suas vivências infantis e a relembrar antigos sonhos e pesadelos. Mas Gaiman sabe como transformar narrativas assustadoras em lições de sabedoria.
O primeiro registro sobre os irmãos João e Maria (ou Hansel e Gretel, no original) data de 1812, quando a Alemanha ainda não existia como país, embora possuísse riquíssima tradição oral que muitos julgavam ameaçada pela urbanização e pelo progresso acelerado. Sendo assim, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm decidiram que era necessário e urgente coletar e registrar por escrito os contos dos camponeses, pastores, barqueiros, viajantes e soldados.
Assim, naquele ano de 1812, foi publicada a primeira edição de “Contos para a criança e para o lar”, a obra que imortalizaria os irmãos: os adultos Grimm e as crianças João e Maria.
No texto de Gaiman, não sabemos onde ou quando a narrativa se passa. A fome passou a dominar os dias das famílias da região. Até que a mãe resolveu convencer o pai de que era melhor morrerem dois do que quatro e, para isso, bastava abandonar as crianças na floresta. Talvez fossem encontradas por alguém que as acolhesse e alimentasse. No futuro, o casal poderia ter outros filhos, em tempos melhores.
Mesmo abandonados, os dois irmãos preferiam voltar para casa, para o único lar que conheciam, a ficar lá fora no escuro, com frio, com medo de ursos e lobos, ou o que mais houvesse na floresta. Havia uma bruxa, é claro. E ela também tinha fome.
João e Maria continua um conto assustador duzentos anos depois.
Confira o vídeo a seguir, onde o autor fala sobre o novo livro.
Em um texto poético, Gaiman revive a tradição dos contos de fada, dando profundidade à aventura dos irmãos, mas sem abandonar a autenticidade e o talento único de mesclar realismo e fantasia que o transformaram em um dos maiores autores de sua geração.
Produzido em parceria com o ilustrador Lorenzo Mattotti, que criou um jogo de luz e sombra, permitindo que o leitor desvende aos poucos a imagem, assim como os segredos da história de João e Maria.
Leia um trecho do livro neste link.
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