Ídolo do Corinthians, capitão da mítica Seleção da Copa
de 82, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira deixou sua marca
também fora dos gramados.
O futebol era pequeno demais para a grandeza de suas
ideias, e ele se engajou intensamente na vida pública do país. Idealista e
rebelde, o meio-campista genial que desafiava as autoridades e incomodava os
cartolas carregava no nome a paixão pelo Brasil, que se viu refletida na
participação ativa na campanha das Diretas Já. Formado em Medicina, foi, ao
lado de nomes como Wladimir e Casagrande, um dos líderes da Democracia
Corintiana, movimento com repercussões políticas, esportivas, sociais e
culturais.
O mais velho dos seis filhos de seu Raimundo, um vendedor
de rapadura apaixonado por filosofia grega, Sócrates queria mexer com as
estruturas do país. Em campo, o ritmo de jogo cadenciado, a calma, a elegância
e o temperamento frio atraíam admiradores e críticos. Fora dos gramados, a
coerência, a postura contestadora, a transparência e as posições firmes
igualmente conquistavam entusiastas e desafetos.
Revelado no Botafogo de Ribeirão Preto, consagrou-se no
Corinthians, por onde foi bicampeão paulista em 1982 e 1983. Formou com
Palhinha, primeiro, e Casagrande, mais tarde, parcerias inesquecíveis. Avesso
às convenções, viveu uma vida de excessos, coerente com a maneira como gostaria
de ser lembrado: “Se tivesse me dedicado mais, não seria uma pessoa tão
completa como sou agora.”
Sobre o autor:
Tom Cardoso,
nascido em 1972, é jornalista, com vasta passagem pela imprensa paulistana.
Autor das biografias do empresário Paulo Machado de Carvalho (O Marechal da Vitória) e
do jornalista Tarso de Castro (75KG
de músculos e fúria), foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012
com o livro-reportagem O
cofre do dr. Rui, que narra o assalto ao cofre de Adhemar de
Barros, em 1969, comandado pela Var-Palmares.
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